• Temer cita Dilma no seu discurso e ressalta a importância do ‘respeito às instituições e a observância à liturgia’
Tania Monteiro – O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em seu primeiro discurso após ter tomado posse como presidente em exercício, Michel Temer chegou a citar a presidente afastada Dilma Rousseff ao sugerir que ela respeite a decisão tomada pelo Congresso Nacional. “Quero declarar meu absoluto respeito institucional à senhora presidente Dilma Rousseff. Não discuto aqui as razões pelas quais ela foi afastada. Quero apenas sublinhar a importância do respeito às instituições e a observância à liturgia no trato das questões institucionais”
Disse, porém, que manterá programas sociais da era petista que, a seu ver, deram certo. Avisou que “vai manter e aprimorar” os programas sociais do governo. “Reafirmo, em letras garrafais, que vamos manter os programas sociais, como o Bolsa Família, Pronatec, Fies, ProUni, Minha Casa Minha Vida. São todos projetos que deram certo. Aliás, devemos completá-los e aprimorá-los”, comentou. Complementou que “temos que acabar com o mito de destruir o que foi feito de bom em outro governo”.
Diálogo. Em muitos momentos do seu discurso, Temer acenou para o Congresso, pedindo apoio dos deputados e senadores para garantir uma base parlamentar “sólida” que permita a aprovação de projetos fundamentais para o seu governo. Após acenar inclusive para os partidos de oposição e os movimentos sociais que o criticam, Temer propôs o diálogo. E apelou à população para que apoie as propostas que irá executar e encaminhar ao Congresso para garantir governabilidade. “Vamos precisar muito da governabilidade. Precisamos do apoio do povo. O povo precisa colaborar e aplaudir as mudanças que venhamos a tomar”, declarou.
A fala de Temer foi realizada na tumultuada e concorrida solenidade de posse dos seus novos ministros, no Palácio do Planalto. Temer começou seu discurso dizendo que “pretendia que esta cerimônia fosse extremamente sóbria e discreta, como convém ao momento que vivemos”, mas que era importante realizá-la “porque, sem embargo do entusiasmo de todos os senhores, todos nós compreendemos o momento difícil, delicado, ingrato que estamos todos passando” e iniciou dizendo que sua “primeira palavra ao povo brasileiro é a palavra confiança”. O pouco espaço do salão leste não comportava o elevado número de presentes e chegou a criar um tumulto já que muitos convidados ficaram em pé bloqueando a vista dos profissionais de imagem que começaram a gritar “não vai ter foto”, em alusão à palavra-chave de ordem de Dilma “não vai ter golpe”.
“Estamos fazendo porque, sem embargo do entusiasmo de todos os senhores, todos nós compreendemos o momento difícil, delicado, ingrato que estamos todos passando.”
‘Salvação’. Depois de salientar que “unidos poderemos enfrentar os desafios deste momento que é de grande dificuldade”, Temer emendou: “reitero, como tenho dito ao longo do tempo, que é urgente pacificara Nação e unificar o Brasil. É urgente fazermos um governo de salvação nacional”. Acrescentou ainda que “temos de organizar a base do futuro” e pediu que Executivo e Legislativo trabalhem “de forma integrada”. Para ele, partidos políticos, lideranças e entidades organizadas e o povo brasileiro “hão de emprestar colaboração para tirar o País dessa grave crise”.
Mais adiante, Temer acentuou que “a moral pública será permanentemente buscada por meio dos instrumentos de controle e apuração de desvios”. Em seguida, passou a defender a operação da Polícia Federal. “Nesse contexto, tomo a liberdade de dizer que a Lava Jato tornou-se referência e, como tal, ganhou relevância e vai prosseguir. Ela não perderá força. Ela precisa de proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la.” O presidente afirmou ainda que vai trabalhar pela melhoria da governança pública. “Vamos fazer isso por meio dos instrumentos de controle e apuração de desvios”, comentou. Em determinado momento da cerimônia, o presidente em exercício perdeu a voz, tomou água e só conseguiu prosseguir com a ajuda de um dos convidados que lhe ofereceu balinhas tic tac. Ele as comeu e prosseguiu, ainda rateando, enquanto ouvia os convidados gritar “Michel, Michel”.
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