• Deputados federais e senadores representam 57% do total; com Dilma, eles eram 18%
Ranier Bragon, Débora Álvares, Mariana Haubert, Leandro Colon e Rubens Valente – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Presidente da Câmara por três gestões e tido como conhecedor dos bastidores legislativos, Michel Temer (PMDB) anunciou nesta quinta (12) um ministério composto em sua maioria por deputados federais e senadores.
A importância frisada em suas palavras na primeira manifestação ao assumir o poder –em que ressaltou a "necessidade de governabilidade"– se materializou na tinta da caneta presidencial.
Dos indicados, 13 são congressistas. Isso representa 57% da nova formação da Esplanada, que agora terá 23 pastas (antes, eram 32).
Foram contemplados deputados e senadores do PMDB (3), PSDB (2), PP (2), DEM, PPS, PV, PTB, PR e PSB.
O percentual representa o triplo com que Dilma Rousseff iniciou o seu segundo mandato, em 2015, com 7 congressistas nas 39 cadeiras –18% do total.
Com o agravamento da crise e o avanço de seu enfraquecimento político, a petista cedeu várias áreas do governo à Câmara e ao Senado, mas a medida não conseguiu conter a onda que resultou em seu afastamento.
No discurso em que deu posse a seu ministério, o presidente interino deu o sinal da importância que pretende dar à interlocução com o Legislativo, local onde pretende aprovar reformas e de onde saiu a decisão que lhe alçou ao comando do país. "Queremos uma base parlamentar sólida, que nos permita conversar com a classe política e também com a sociedade. É preciso governabilidade."
Aliados do peemedebista avaliam que, em linhas gerais, sua base começa mais ou menos com o tamanho dos votos pró-impeachment: 367 das 513 cadeiras da Câmara e 55 das 81 do Senado.
De acordo com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o apoio a Temer pode chegar a 60 senadores nos próximos dias.
O presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), que assumiu o Planejamento, disse que "o Senado entregou a mudança, agora todos têm que ajudar a fazer essa mudança".
Apesar de esses números serem suficientes para aprovação de mudanças na Constituição (308 e 49, respectivamente), é certo que haverá dissidências, muitas resultantes de demandas não atendidas na montagem da gestão.
A soma de parlamentares dos partidos que tendem a apoiar Temer é de 371 cadeiras na Câmara e 61 no Senado, mas governo e congressistas sabem que são poucas as legendas que marcham 100% em determinada direção.
Dilma, por exemplo, teve em seu segundo mandato uma ampla base de apoio no papel. Na prática, sofreu derrotas seguidas patrocinadas pela aliança entre a oposição e as dezenas de deputados que orbitam em torno de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara afastado no último dia 5.
Aliado a isso, alguns temas polêmicos rompem as barreiras de eventuais fidelidades a diretrizes partidárias.
Por fim, PT, PC do B, PDT, Rede e PSOL, derrotados com a saída de Dilma, prometem oposição aguerrida a um governo que consideram golpista e sem legitimidade.
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