Flávio Ferreira – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Após o início da ação penal contra o ex-presidente Lula sobre o tríplex em Guarujá, a força-tarefa da Operação Lava Jato investiga a origem do dinheiro usado para comprar o sítio em Atibaia (SP) frequentado pela família do petista para concluir o inquérito sobre a propriedade rural no interior paulista.
O inquérito foi aberto pela Polícia Federal com base em reportagem da Folha que revelou que obras no sítio foram bancadas pela construtora Odebrecht no final de 2010, quando Lula ainda era presidente da República, e deve resultar em uma nova denúncia contra o petista.
Após a publicação da reportagem, a própria construtora admitiu ter atuado nas reformas e os investigadores consideram já ter provas suficientes sobre o benefício concedido ao petista.
Agora, o foco é a verificação sobre como o sítio foi comprado para apurar se a transação foi feita de modo a ocultar que Lula é o verdadeiro dono da propriedade rural.
No papel, o imóvel foi adquirido em 2010 por dois sócios do filho de Lula, Fábio Luís da Silva, o Lulinha. Os proprietários formais são os empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, cujas defesas alegam que a compra foi feita com recursos próprios dos investigados.
Em seu despacho de terça-feira, o juiz Sergio Moro apontou que as apurações já mostraram "prova indiciária" sobre "um modus operandi consistente na colocação pelo ex-presidente de propriedades em nome de pessoas interpostas para ocultação de patrimônio", o que teria ocorrido com o tríplex e o sítio.
Para Moro "tal afirmação não resulta, aparentemente, de conspiração de inimigos do ex-presidente" pois em depoimento o amigo de Lula José Carlos Bumlai afirmou que o sítio seria usado pelo petista e realizou reformas no local a pedido da mulher dele, Marisa Letícia.
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