Por Andrea Jubé e Bruno Peres – Valor Econômico
BRASÍLIA - Preocupado em ampliar a representatividade feminina no primeiro escalão, o presidente Michel Temer agora procura uma mulher para assumir a função de porta-voz do governo. Hoje, Temer dará posse à ministra-chefe da Advocacia-Geral da União, Grace Mendonça, que passa a ser a primeira mulher no alto escalão do governo. E nos próximos dias, a primeira-dama, Marcela Temer, assumirá a coordenação do programa Criança Feliz, com foco na primeira infância.
"O presidente quer uma mulher como porta-voz", disse ao Valor um auxiliar presidencial. Ele explicou que Temer realmente se ressente da ausência de mulheres no primeiro time do Executivo federal, embora considere a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), comandada por Maria Sílvia Marques, um cargo da envergadura de um ministério. Ele também costuma lembrar que sua chefe de gabinete é uma mulher: Nara de Deus, que o acompanha há mais de 16 anos. Em seu último discurso, a ex-presidente Dilma Rousseff chamou o governo Temer de "misógino" e criticou duramente a ausência de mulheres em cargos de comando.
Após a série de declarações atrapalhadas do próprio Temer, durante a viagem oficial à China, e de alguns ministros sobre os protestos contra o governo e temas sensíveis, como as reformas da Previdência Social e trabalhista, o Palácio do Planalto detectou a necessidade de nomeação de um porta-voz para ajustar a comunicação do governo e evitar novos ruídos.
A então presidente Dilma Rousseff extinguiu a função depois de alçar o seu então porta-voz, Thomas Traumann, ao cargo de ministro da Secretaria de Comunicação Social em 2014. De início, Temer foi aconselhado a resgatar o modelo utilizado nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, que requisitaram diplomatas de carreira para a função. Sérgio Amaral, na gestão tucana, e Marcelo Baumbach, no governo Lula, exerceram o cargo. Mas o presidente avalia, simultaneamente, a indicação de uma jornalista experiente para a função.
Em outra frente, Temer comemora a chegada de Marcela e da nova ministra-chefe da AGU ao alto escalão governista. Marcela começará a despachar, nos próximos dias, em um amplo gabinete no terceiro andar, vizinho ao de Temer. A ideia é que ela personifique o programa social mais ousado do governo, tendo como paradigma o papel exercido pela ex-primeira-dama, Ruth Cardoso.
A primeira-dama coordenará o programa Criança Feliz, que será lançado em breve pelo Ministério do Desenvolvimento Social, voltado para o monitoramento presencial dos filhos, de até três anos, de beneficiários do Bolsa Família. O programa comandado por Marcela deverá contratar 80 mil pessoas e dispor de orçamento de R$ 2 bilhões ao ano, quando estiver em pleno funcionamento, custará R$ 2 bilhões por ano.
A nova titular da AGU será empossada nesta quarta-feira. Grace Mendonça é bacharel em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal com especialização em Direito Processual Civil pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual. É professora titular de Direito Constitucional, Processual Civil e Direito Administrativo na Universidade Católica de Brasília (UCB).
Advogada da União, está à frente da Secretaria-Geral de Contencioso desde 2003, do exercido também os cargos de adjunta do advogado-geral da União e de coordenadora-geral do gabinete do advogado-geral da União. Grace tem boa relação com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente com a ministra Cármen Lúcia, nova presidente da Corte.
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