• ‘Vamos cuidar dos vivos’, resumiu um integrante do bloco de 200 deputados, que integra a base de Temer
Leticia Fernandes, Isabel Braga - O Globo
-BRASÍLIA- O clima na Câmara, onde Eduardo Cunha reinou absoluto, foi marcado ontem por tentativas de esquecer o passado. Uma frase dita por um integrante do centrão, bloco de cerca de 200 deputados e que era regido pela batuta do peemedebista, resumia o tom reinante: — Vamos cuidar dos vivos. Com a queda de Cunha, porém, o bloco, formado por deputados da base do governo, perde o seu principal líder. Integrantes do grupo preveem que o lugar que Cunha exercia com pulso forte poderá ser dividido por vários deputados.
Um líder afirmou que, a rigor, “o governo não mudou”, a cadeira de presidente apenas trocou de mãos. Ele e outros deputados rechaçam o sentido pejorativo do nome centrão, que virou sinônimo de barganhas e pressões. Dizem que vão prezar pela governabilidade e que usarão a “simbiose” do bloco a favor do governo Michel Temer.
— Esse grupo tem uma simbiose natural, é o centro de sustentação da base de qualquer governo, como foi no de Fernando Henrique, no de Lula e no de Dilma. Só mudou quem passou a conduzir, mas o governo é o mesmo, todo mundo votou na mesma chapa — afirmou um deputado do centrão.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), minimizou os possíveis problemas de relacionamento entre os partidos da base de Temer. Ele disse que o centrão se formou em outro momento e que agora a base do governo é uma só.
— Vocês (jornalistas) insistem na figura do centrão. Afinidade entre os partidos têm, assim como tem o PSDB com o DEM, mas nada que vá gerar enfrentamento dentro da base.
Para o líder, a falta de votos da maioria do centrão em apoio a Cunha foi motivada pelo momento:
— A situação chegou em um ponto que ficou insustentável.
Entre os que votaram contra Cunha estão os líderes do PP, Aguinaldo Ribeiro, e do PSD, Rogério Rosso, o que irritou aliados do ex-presidente. Segundo relatos, Cunha chamou Rosso de “rapazinho hipócrita”. Aliados dos líderes rebateram as críticas, ressaltando que o próprio PMDB, partido de Cunha, votou em peso por sua cassação, inclusive o líder da bancada, Baleia Rossi.
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