Estelita Hass Carazzai, Flávio Ferreira – Folha de S. Paulo
CURITIBA - A força-tarefa da Operação Lava Jato tem buscado concluir nos últimos dias pelo menos uma denúncia criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os trabalhos entraram pela noite desta terça-feira (13).
A Folha apurou que a acusação mais adiantada refere-se ao tríplex em Guarujá que foi reservado à família do ex-presidente e foi reformado pela empreiteira OAS, mas acabou recusado pelo petista após a imprensa tratar do imóvel. Outra investigação diz respeito a obras no sítio em Atibaia frequentado pela família de Lula.
Para a força-tarefa, as reformas nos imóveis configuraram vantagens indevidas ao petista, recebidas de empresas envolvidas no petrolão.
O Ministério Público Federal convocou entrevista coletiva para a tarde desta quarta (14) e ao menos uma denúncia contra Lula pode ser anunciada na ocasião.
As investigações relativas a Lula entraram na reta final no mês passado, após a colheita de novos depoimentos, como do ex-senador petista Delcídio do Amaral e do ex-deputado federal do PP Pedro Corrêa.
Para a força-tarefa, as apurações e oitivas corroboraram suspeitas de que o ex-presidente era o proprietário de fato do sítio no interior paulista –o que Lula nega.
Um laudo da Polícia Federal já apontou indícios de que Lula e sua mulher, Marisa Letícia, orientaram reformas feitas no sítio.
Parte das obras, conforme revelou a Folha, teve participação da empreiteira Odebrecht. As obras no sítio custaram ao todo R$ 1,2 milhão, de acordo com a avaliação da PF, que também identificou objetos de uso pessoal de Lula e Marisa na propriedade.
Antes, o petista já havia sido indiciado pela Polícia Federal no caso do tríplex, no fim de agosto, sob suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A investigação apontou que o tríplex, reformado pela OAS, estaria reservado à mulher de Lula, e que as melhorias foram feitas para beneficiar a família do petista.
Na ocasião, também foram indiciados Marisa, os executivos da OAS Leo Pinheiro e Paulo Gordilho, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Parte deles deve estar entre os denunciados.
Lula ainda é réu na Justiça Federal em Brasília sob acusação de tentar obstruir a Lava Jato e é alvo de outro inquérito, que apura se as palestras dadas por ele após deixar o governo foram pagas com dinheiro oriundo do esquema da Petrobras.
O ex-presidente tem afirmado que nunca cometeu qualquer ato ilegal e que é perseguido politicamente pela Lava Jato.
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