• Aécio diz que partido até hoje não foi chamado para formular políticas
Cristiane Jungblut - O Globo
-BRASÍLIA- O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), deflagrou ontem um movimento para tentar ampliar a participação do PSDB no governo do presidente Michel Temer. Renan defendeu essa tese em duas conversas com o próprio Temer, no domingo e na segunda-feira. O presidente do Senado defende que o presidente da República aproveite a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo para fazer um rearranjo na correlação de forças dos partidos dentro do governo. O PSDB, no entanto, vê com ressalvas a movimentação, e evita maior aproximação.
— É momento de fazer a correlação e destacar o PSDB na moldura do governo. Tem que atribuir um papel mais relevante ao PSDB. É fundamental para a travessia até as eleições e da economia dar mais protagonismo ao PSDB. O PSDB tem divisões internas, mas a presença dele na moldura do governo é fundamental. Não é de hoje que defendo isso — disse Renan, completando mais tarde: — É pra evitar que o PSDB se divida. É importante trazer o PSDB como um todo.
A avaliação de peemedebistas é que é “preciso juntar as forças” e tornar a administração de Temer “mais atraente”, agregando forças que disputarão a sucessão em 2018. O temor é que o PSDB, insatisfeito, acabe se afastando cada vez mais do governo, deflagrando a disputa eleitoral. Seria melhor ter dentro do governo forças do partido, como representantes do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fortalecido na eleição municipal.
O PSDB acredita que a movimentação se trata de uma tentativa do governo de reagir neste momento de desgaste para tentar tornar sua administração mais palatável. A cúpula tucana no Senado chegou a se reunir para analisar a postura de Renan. Após a reunião, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), se reuniu com alguns senadores e depois procurou Renan. Na entrada, Aécio deixou clara a animosidade dos tucanos com o Planalto:
— Desde o início, o Renan falou isso, em nossa participação na formulação do governo como forma de contribuir para haver estabilidade no país. E isso não aconteceu até agora.
Ao longo do dia, Renan defendeu a presença tucana.
— É melhor um governo sob a influência do PSDB ou do Eduardo Cunha? A cabeça dele (Cunha) era outra. Era uma pauta-bomba, não era uma agenda para retomar o crescimento. Essa questão eleitoral tem que ser resolvida depois. Agora, a gente tem que sair do buraco. Considero de interesse público ampliar o papel do PSDB no governo.
Temer esteve na residência oficial do Senado na noite de domingo. Na segunda-feira à noite, foi a vez de Renan ir ao Palácio do Jaburu. Os dois falaram sobre o caso de Geddel, além de outros assuntos. A avaliação é que Temer tem que ficar à vontade e decidir com autonomia como agir neste momento. Ao ser perguntado sobre um substituto de Geddel, Renan afirmou que o cargo não deve ser necessariamento do PMDB.
— Não é hora de substituir por substituir. É hora de agregar. Não podemos apequenar essa discussão da formação de governo. Claro que isso vai depender do presidente Michel Temer — disse Renan.
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