Gustavo Uribe, Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer decidiu atuar pessoalmente para evitar que disputas consideradas por ele prematuras abalem a relação do governo federal com o seu principal aliado, o PSDB.
O peemedebista disse em conversas reservadas que pretende convocar um jantar, no Palácio do Jaburu, com a cúpula tucana na tentativa de blindar a pauta governista de turbulências internas na sigla.
O presidente manifestou incômodo com a atitude dos tucanos em relação à disputa presidencial de 2018. Nas palavras de um assessor de Temer, a antecipação do calendário eleitoral pode causar um racha na base aliada e atrapalhar a votação de propostas consideradas fundamentais para o governo.
O Palácio do Planalto pretende aprovar ainda neste ano a medida que cria um teto para os gastos públicos e quer enviar a reforma previdenciária ao Congresso em dezembro.
A intenção de marcar um jantar com os tucanos já era avaliada pelo presidente desde o fim das eleições municipais, quando se intensificou a disputa entre Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) para o posto de candidato do PSDB ao Planalto em 2018.
Para o governo, a disputa acirrada dentro do PSDB tem gerado consequências inclusive para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara, eleição que vai ocorrer no início do ano que vem.
Aliados de Alckmin e Aécio têm patrocinado candidatos distintos para o posto, enquanto Temer defende um nome consenso da base e avalia que uma disputa interna dentro de um dos partidos atrapalhe esse plano.
Na semana passada, após a defesa pública do retorno do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para o comando do país, feita pelo ex-assessor do tucano Xico Graziano, Temer decidiu agir de maneira mais incisiva.
Nas palavras de um auxiliar do presidente, a intenção é pedir ao PSDB que "respeite os prazos" das duas eleições, no Congresso e ao Planalto, e que não se crie um cenário de animosidades na base.
Para agilizar a tramitação da reforma previdenciária, Temer vai ainda pedir ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que antecipe o retorno do recesso parlamentar para 15 de janeiro.
A intenção é dar uma sinalização ao mercado financeiro de que o Planalto está empenhado em aprovar a reforma o mais rápido possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário