quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Policiais e aposentados invadem Alerj em protesto contra governo Pezão

- Folha de S. Paulo

RIO - Após negociações com a Polícia Militar, os servidores e aposentados que ocuparam a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) na tarde desta terça (8) deixaram a casa por volta das 17h.

O protesto foi organizado por servidores e aposentados da Policia Civil, mas contou com a presença de funcionários também de outras áreas do governo, além de beneficiários de programas sociais. Na segunda-feira (7), o comandante-geral da PM no Rio, coronel Wolney Dias, afirmou que os policiais de folga estariam liberados para participar do protesto.

Eles protestam contra o pacote anunciado pelo governador Luiz Fernando Pezão na última sexta (4), que amplia para 30% o desconto previdenciário nos salários dos servidores e extingue programas sociais.

Também está previsto no pacote o congelamento de reajustes de bombeiros e policiais militares até 2020.

Os ocupantes pediam a suspensão das medidas –que ainda precisam ser votadas pela Alerj– o impeachment do governador Pezão e a libertação de um bombeiro preso durante outro protesto.

Na sexta-feira (4), o presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Rio (ABMERJ), Mesac Eflain, foi condenado a 30 dias de prisão administrativa por ter participado de manifestações da categoria e dado entrevistas a canais de televisão a respeito das condições de trabalho. Sua prisão motivou protesto na frente do Quartel Central dos Bombeiros, na própria sexta.

Destacado para negociar com os manifestantes, o coronel Rodrigo Sanglard propôs uma audiência com o comando geral da PM para negociar a prisão e alegou que não teria ingerência sobre as outras pautas.

"Enquanto tiver gente aqui dentro, teremos que ficar", afirmou o coronel, questionado sobre a manutenção do cerco da Polícia Militar ao edifício.

Após deliberar sobre as propostas, os manifestantes negociaram que sairiam pela porta da frente, por onde passaram gritando palavras de ordem contra o governador.

A avaliação era de que o protesto teve o efeito desejado ao chamar a atenção contra as perdas de servidores com o pacote.

Os servidores da Polícia Civil, porém, prometem vigília em frente à Alerj e novos protestos nesta quarta (9) e no dia 16, quando devem ser votados os primeiros projetos de lei do pacote.

"Não queremos mais ser servis a esses senhores que usam o aparelho do Estado para protegê-los", discursou o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal, Goldembergue de Oliveira.

INVASÃO
Centenas de policiais ativos e aposentados, militares, bombeiros e agentes penitenciários estiveram no protesto na porta da Alerj.

Uma parte forçou os tapumes que estão localizados na entrada do Palácio Tiradentes, no centro do Rio, em razão de uma reforma.

Com a passagem desobstruída, um grupo conseguiu entrar no prédio e no plenário, onde deputados votavam projetos na pauta, que foi suspensa.

Houve depredação de parte da sala da vice-presidência. Em nota, o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB) classificou a invasão como "afronta ao estado democrático de direito".

A previsão é de que Alerj vote o pacote de medidas proposto pelo Governo do Estado. Os deputados, contudo, estão desde segunda com as propostas em mãos para análise.

O pacote anunciado na semana passada é tido pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) como a única forma de evitar o colapso fiscal do Rio.

As propostas foram criticadas na segunda pela Justiça e pelo Ministério Público, que a classificaram como inconstitucionais e até absurdas.

Desde o fim de 2014 que o governo do Estado enfrenta dificuldades fiscais. Tem havido atraso no pagamento de salários.

Na parte de segurança, há a piora nos serviços prestados à população e também na condição de trabalho de policiais.

Delegacias da Polícia Civil estão sofrendo com a falta de pessoal. A Polícia Militar também sofre com salários atrasados e o pagamento de horas extras.

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