• Presidente da Câmara encontra ministros e líderes de partidos que compõem o grupo para angariar apoio a sua candidatura em fevereiro
Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenta atrair o apoio de partidos que compõem o Centrão – grupo de 13 legendas liderado por PP, PSD e PTB – à sua intenção de se reeleger no comando da Casa, em fevereiro de 2017. O objetivo é rachar o bloco e inviabilizar uma candidatura do grupo, abrindo caminho para que ele seja candidato único da base aliada à presidência da Câmara.
A ofensiva tem foco no PP, PR e PSD, que possuem a terceira, quarta e quinta maiores bancadas na Casa, respectivamente. Os três partidos ocupam ministérios importantes no governo Michel Temer. O PP comanda o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal, enquanto o PR possui o Ministério dos Transportes e o PSD, o Ministério das Comunicações.
Nesta terça-feira, 8, Maia almoçou com o líder do PP na Casa, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), e com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que também é filiado ao PP. No partido, o atual presidente da Câmara já conta com apoio de 17 deputados do grupo liderado pelos deputados Eduardo da Fonte (PE) e Waldir Maranhão (MA), 1.º vice-presidente da Casa, que o apoiou na primeira eleição, em julho.
Maia também marcou jantar na noite desta terça-feira com os ministros Maurício Quintella (Transportes), do PR, e Fernando Filho (Minas e Energia), do PSB, partido em que Maia busca consenso em torno de seu nome. No caso do PR, aliados do deputado do DEM consideram que a aliança pode ser mais fácil. Lembram que a sigla traiu o Centrão e apoiou Maia no segundo turno da primeira eleição do parlamentar.
O presidente da Câmara também já conversou com o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, presidente licenciado do PSD. Segundo aliados de Maia, Kassab teria dito que poderia apoiar a reeleição do deputado do DEM, desde que o PSD não lance candidato. “Minha posição é a da bancada”, desconversou Kassab. Antes de criar o PSD, Kassab era filiado ao DEM, partido pelo qual se elegeu prefeito de São Paulo.
Rosso. Nas últimas semanas, Maia vem tentando se aproximar do atual líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), que já demonstrou interesse em disputar a presidência da Câmara. Na semana passada, o líder lançou carta defendendo unidade da Câmara na escolha do próximo presidente da Casa. O documento gerou mal-estar no Centrão, pois foi interpretado como pré-lançamento de candidatura. Nos bastidores, deputados afirmam de que Rosso tem interesse agora na liderança do governo. O deputado não se pronunciou.
Caso PP, PR e PSD apoiem Maia, ele largará com ampla vantagem e tornará inviável uma candidatura de algum parlamentar do Centrão. Pelas contas de aliados do presidente da Câmara, além dos cem votos da do seu bloco (PSDB, DEM, PPS e PSB), Maia conta hoje com o apoio de outros cem deputados da oposição (PT, PCdoB e PDT). Além disso, se conseguir se viabilizar, teria apoio de quase todos os 66 deputados do PMDB.
Maia também já recebeu sinalização de apoio do Palácio do Planalto à sua reeleição. Oficialmente, o governo diz que não vai interferir na disputa interna da Casa. Nos bastidores, porém, auxiliares de Temer dizem que a candidatura de Maia pode ser positiva, pois evitaria uma divisão maior na base aliada.
Estratégia. De acordo com aliados, caso tenha apoio político, Maia não precisará necessariamente enviar uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para saber se um presidente eleito para um mandato-tampão, como ele, pode disputar a reeleição.
Pela estratégia, se tiver apoio da maioria, Maia pode deixar para registrar sua candidatura no dia da votação, que seria deferida por Waldir Maranhão, de quem o deputado do DEM é aliado. Com isso, ele conseguiria disputar a eleição. Uma eventual vitória serviria, então, de base para a defesa da legalidade da candidatura dele junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), instância responsável por se pronunciar sobre o tema. Pelo entendimento vigente, Maia não poderia ser candidato.
Procurado, o presidente da Câmara não se manifestou.
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