quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Meirelles cita o Rio para defender a PEC do teto

• Ministro do Desenvolvimento faz coro, ao afirmar que estado ‘gastou muito mais do que arrecadou

Gabriela Valente, Bárbara Nascimento e Mariana Timóteo - O Globo

-BRASÍLIA E RECIFE- O Rio de Janeiro está sendo usado como exemplo, pela equipe econômica do governo Michel Temer, para defender a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior. Ao se dirigir, ontem, a uma plateia de empresários, durante o seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, promovido em parceira pelo “Valor Econômico” e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que não há alternativa à PEC e que a situação fiscal do Estado do Rio reforça a necessidade de reformas. Outro ministro, o do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, chegou a dizer que o Rio “acabou”.

— O que está acontecendo no Rio de Janeiro é didático. Mostra que alguém tem de pagar (a conta do descontrole de gastos e da Previdência Social) — afirmou Meirelles.

‘O BRASIL ESTÁ QUEBRADO’
Ao participar de audiência pública no Senado sobre a PEC, o assessor especial do Ministério da Fazenda, Marcos Mendes, também mencionou o Rio. Mendes alertou sobre a necessidade de aprovar rapidamente o projeto, para evitar que medidas ainda mais drásticas tenham de ser tomadas, a exemplo do governo do Estado do Rio, que anunciou um pacote de ações impopulares para resolver um colapso fiscal.

— Pensemos mais um pouco (sobre a PEC) e teremos que adotar o modelo Rio de Janeiro — disse Mendes.


Osmar Terra, por sua vez, estava em Recife para encerrar um simpósio internacional sobre a Primeira Infância. Ao ser perguntado se a PEC do teto dos gastos levaria a cortes nos programas sociais, o ministro afirmou que “o Brasil está quebrado” e que os cortes em saúde, educação e assistência social vieram antes, no governo Dilma.

— Agora não foi cortado nada, não sei porque essa preocupação agora. O Brasil está quebrado, os estados estão quebrados, vocês viram o que aconteceu no Rio de Janeiro. Faz três anos consecutivos que cai a receita dos estados, a política econômica estava um caos, então, a irresponsabilidade é essa, não é o governo que está cortando o social, a (PEC) 241 é freio de arrumação — afirmou Terra.

Em seguida, o ministro ressaltou a grave situação financeira do Rio.

— Como é que nós vamos deixar piorar? Vamos todo o mundo ficar igual ao Rio? Com o Rio de Janeiro aconteceu isso, gastou muito mais do que arrecadou, prometeu muito mais do que pôde cumprir e acabou. O Rio de Janeiro hoje não consegue nem pagar a folha, nem os aposentados. Esse é o destino do Brasil se não tiver um freio de arrumação como a 241. Se alguém tiver uma proposta melhor, que apresente — disse Terra, afirmando que muita gente critica a 241 “só porque é do governo Temer”.

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