- O Globo
A corrupção sistêmica lança sombras de omissão e cumplicidade sobre tradicionais lideranças, preparando sua derrota em eleições disruptivas
A configuração das eleições presidenciais de 2018 começa a se delinear. Recorrendo à obsoleta linguagem ainda praticada pelos candidatos e por seus eleitores, apresentam-se Ciro Gomes pela “esquerda” e Jair Bolsonaro pela “direita”, cada um podendo atingir 20% dos votos no primeiro turno. Ciro reivindica com a “fúria dos justos” o legado da “esquerda”, pois advertiu Lula, Dilma e o PT de que perderiam a bandeira da ética pela associação ao que considerava de pior na Velha Política:o PMDB de José Sarney, Jader Barbalho, Edison Lobão, Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Já Bolsonaro, no outro extremo, reivindica com autenticidade e coerência o legado da “direita”. Sem se envolver nas trocas de favores e no tráfico de influência de uma degenerada Velha Política, tem representado os anseios de seus eleitores por ordem e segurança.
A maioria eleitoral brasileira estará, entretanto, onde sempre esteve: no “centro”. Mas a novidade incontornável para candidaturas tradicionais como as de Geraldo Alckmin, José Serra, Aécio Neves e mesmo Michel Temer é que as investigações da Lava Jato derrubam sua popularidade e suas chances eleitorais. E, quando o establishment são disruptivas.perde a decência,A corrupção as eleições sistêmica seguintes lança sombras de omissão e cumplicidade sobre as principais lideranças partidárias. Mesmo candidatos do “centro” cujas biografias resistam às investigações terão poucas chances de derrotar nas urnas os “outsiders” de um degenerado sistema político. E, para agravar a descrença no Congresso, as propostas de anistia em causa própria, de parlamentarismo e de eleições indiretas por listas partidárias fechadas soam como bofetadas na face de uma já enfurecida opinião pública.
Tudo isso aumenta o clamor popular pelos “outsiders”. Se as candidaturas à “esquerda” e à “direita” têm limites naturais de representatividade, e portanto de crescimento, e a maioria dos eleitores de centro será disputada com vantagem por “outsiders” diante dos candidatos convencionais, torna-se bastante provável a vitória eleitoral desses “outsiders” em 2018, não apenas para a Presidência da República, mas também para governadores e para uma avassaladora renovação parlamentar, como “nunca antes na História deste país”.
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