Marcelo Bretas tem segurança pessoal reforçada no Rio, o que já acontece com Sérgio Moro em Curitiba. Alerte-se que eles simbolizam a ordem democrática
Como o braço de investigações da Lava-Jato avança no Rio de Janeiro — estado em que há, mais que em outras regiões, uma clara infiltração do crime organizado na máquina pública —, é plausível que agentes do poder público que investigam estes meandros passem a correr riscos físicos. Mas não aceitável, porque representam o próprio Estado e a ordem democrática.
Por coincidência ou não, segunda-feira, na véspera de ser lançada a Operação Fatura Exposta, contra um segmento importante dos esquemas de corrupção montados em torno do governador Sérgio Cabral, foi anunciado o reforço da segurança pessoal do juiz Marcelo Bretas.
Quando houve escaramuças no Supremo para que fossem fatiados processos oriundos da matriz da Lava-Jato, em Curitiba, onde atua a força-tarefa da operação junto ao juiz federal Sérgio Moro, Bretas foi um dos juízes que receberam uma dessas fatias. A intenção evidente de advogados de defesa era escapar de Curitiba. Não deram sorte. Coube a Bretas, na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio, tratar da corrupção no canteiro de obras de Angra 3. Manteve a firmeza com que age Curitiba. E seguiu em frente até encarcerar Sérgio Cabral e pessoas próximas, na Operação Calicute, também no bojo da Lava-Jato.
Acaba de ter a segurança reforçada, como acontece com Sérgio Moro há algum tempo. Paralelamente, outra operação da PF, deflagrada pela Procuradoria-Geral da República, com autorização do Superior Tribunal de Justiça, deteve cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, um ex-conselheiro e levou de forma coercitiva a depor o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) e líder do PMDB estadual, Jorge Picciani.
A operação teve como base delação premiada do ex-presidente do tribunal Jonas Lopes e do filho, Jonas Lopes Neto. Também ameaçados, estariam fora do país.
O desdobramento das investigações sobre Sérgio Cabral, ao alcançar Sérgio Cortes — secretário de Saúde dele, com quem passava fins de semana em Mangaratiba, e também companheiro do emblemático jantar dos guardanapos em Paris —, avança sobre engrenagem poderosa na corrupção dos últimos tempos em terras fluminenses.
Cortes, também com passagem pelo Instituto de Traumatologia, federal, atuou em milionárias operações fraudulentas no Into e no governo Cabral, com quem dividiu propinas, segundo a delação de Cesar Romero Vianna.
É compreensível que forças subterrâneas se agitem, diante dessas devassas. Este submundo costuma fazer fronteira com a marginalidade. O caso do sequestro e assassinato do petista Celso Daniel, em Santo André, escalado para ser o homem forte da campanha de 2002 de Lula, até hoje levanta dúvidas. O próprio silêncio de pedra dos presos na Lava-Jato ligados ao PT sinaliza pelo menos medo diante do que pode acontecer caso falem.
Não há sequer murmúrio vindo de Antonio Palocci, de Vaccari, sequer de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras apadrinhado por José Dirceu, consta. Enquanto isso, a Lava-Jato também avança em Curitiba, com o testemunho de Marcelo Odebrecht de que teria transferido dinheiro vivo para Lula, o “Amigo” das planilhas da empreiteira. Tudo leva a tornar mais tenso ainda o ambiente nesses bastidores e subterrâneos.
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