Enquanto o PT dizia na televisão ter sido quem mais combateu a corrupção, a lista de Fachin escancarava a relação de Lula e seus demais dirigentes com os delatores da Odebrecht
Alberto Bombig | O Estado de S. Paulo
No dia em que o Brasil conheceu o teor da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, o PT foi à televisão e ao rádio, em cadeia nacional, dizer que as gestões do partido na Presidência foram as que “mais combateram a corrupção” e que há uma “perseguição” feita com base em “mentiras” para impedir que Lula volte a ser presidente. Seria até engraçado, se não fosse trágico. Seria até irônico, se não fosse deprimente.
Lula foi delatado pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht e seus subordinados, com todas as letras e com a maior clareza possível. Lula foi alvo de seis petições de Fachin enviadas à primeira instância (ele não tem mais foro privilegiado). Segundo os delatores, o sítio que ele frequentava em Atibaia(SP) recebeu obras, um irmão ganhou mesada, MPs foram negociadas para beneficiar o grupo Odebrecht e um soldado petista fez saques em dinheiro. Ufa!
Também são citados nos documentos liberados por Fachin petistas que ocuparam cargos de comando em praticamente todas as esferas da máquina federal nas gestões petistas. Não vou gastar espaço precioso aqui para falar do financiamento das campanhas eleitorais.
Nos gêneros clássicos do teatro, a farsa era aquele que se destinava a divertir o público com personagens caricatos e burlescos. Enquanto insistir em negar seus erros e retorcer a realidade, o PT permanecerá como uma bigorna de ferro amarrada às pernas da esquerda brasileira. Vai dizer o que agora? Que apenas o que os delatores disseram sobre o PSDB é verdade?
O primeiro impacto da lista de Fachin é o de fornecer argumentos retóricos aos que tentam igualar a tudo e a todos, em todos os partidos e esferas de poder. É nesse mar que o PT vai tentar nadar a partir de para se defender na Lava Jato. Porém, a bigorna da mentira continuará amarrada a ele.
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