“Uma outra fonte de parasitismo absoluto foi sempre a administração do Estado. Renato Spaventa calculou que na Itália, um décimo da população (cerca de quatro milhões de habitantes) vive á custa do orçamento do estatal. Ocorre ainda hoje que homens relativamente jovens (com pouco mais 40 anos), de ótima saúde, no pleno vigor das forças físicas e intelectuais, depois de vinte e cinco anos de serviço público, não se dediquem mais a nenhuma atividade produtiva, mas vegetem com aposentadorias mais ou menos elevadas, ao passo que um operário só pode desfrutar de uma aposentadoria depois de 65 anos e um camponês não tem limite de idade para o trabalho (por isso, o italiano médio se surpreende quando ouve dizer que um americano multimilionário continua ativo até o último dia de sua vida consciente). Se numa família um padre se torna conêgo, imediatamente o “trabalho manual” se torna “uma vergonha” para toda parentela, no máximo, é possível dedicar-se ao comercio.”
*Antonio Gramsci (1891-1937) Americanismo e fordismo, in Cadernos do cárcere, 2ª edição, Rio de Janeiro – Civilização Brasileira, 2001, v.4, p. 245-6
Nenhum comentário:
Postar um comentário