Segundo peemedebistas, questão do senador é se reeleger em 2018
Eduardo Barretto e Leticia Fernandes | O Globo
-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer comentou ontem, pela primeira vez, os ataques do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ao seu governo. Em entrevista à “Rádio Bandeirantes”, Temer ironizou o ex-presidente do Senado, afirmando que não pode ficar brigando com quem não é presidente da República.
— Eu compreendo o Renan, as dificuldades dele. De alguma maneira, ele sempre agiu dessa maneira. Ele vai e volta. Então eu estou tratando com muito cuidado, politicamente, até porque não posso a todo momento estar brigando com quem não é presidente da República — disse Temer.
De acordo com peemedebistas, entre as dificuldades que vem sendo enfrentadas por Renan estão as eleições do próximo ano, tanto em sua disputa em Alagoas para continuar no Senado quanto na de seu filho para se reeleger governador do estado. Na entrevista, Temer minimizou o impacto das críticas de Renan sobre a base aliada:
— Não me sinto abandonado não. Já propusemos coisas dificílimas no Congresso Nacional e teve uma aprovação muito expressiva.
NOTA FALA DE RECUOS DO GOVERNO
No fim da tarde, após Temer anunciar mudanças na proposta da reforma da Previdência, um dos alvos preferenciais de Renan, o senador soltou nota com nova alfinetada no presidente: “Esses recuos do governo mostram que é possível fazer reforma da Previdência para a próxima década sem seguir a conta da banca (R$ 738 bilhões em 10 anos), sem empobrecer o Nordeste e sem penalizar os trabalhadores. Bastava ter ouvido antes”.
A resistência da bancada do PMDB no Senado à reforma da Previdência passa pela necessidade de os principais nomes da legenda na Casa disputarem a reeleição em 2018. Entre os que buscam voltar, estão o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), o líder do governo, Romero Jucá (RR), os ex-ministros Edison Lobão (MA), Eduardo Braga (AM) e Garibaldi Alves (RN), o próprio Renan, e caciques como Jader Barbalho (PA), José Maranhão (PB), Valdir Raupp (RO), Waldemir Moka (MS) e Roberto Requião (PR).
A bancada vê com restrição as hostilidades de Renan a Temer. No entanto, concorda que os senadores estão à margem da discussão da reforma previdenciária.
Na entrevista à rádio Bandeirantes, Temer também buscou se desvincular de suposto financiamento ilegal da campanha da chapa que integrou em 2014 ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff. O julgamento do caso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi adiado por tempo indeterminado na última terça-feira.
— Os dados até hoje são reveladores de que eu não tive participação em nenhuma bandalheira — afirmou, acrescentando não interferir no processo: — Estou deixando correr lá o processo no seu ritmo normal. Mas o meu desejo é que isso seja decidido o mais breve possível.
Como Dilma já foi afastada do cargo, a ação poderá cassar o mandato de Temer, que era vice e assumiu o cargo.
Ontem à noite, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega prestou depoimento ao TSE e negou ter solicitado a executivos da Odebrecht contribuições em caixa 2 para a chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014.
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