Renan retira senadora que o criticou de comando de comissão
Maria Lima | O Globo
BRASÍLIA – A guerra aberta do líder do PMDB com o governo Michel Temer teve mais um desdobramento ontem, com a destituição da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) da presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO). A comissão recebeu na véspera um ofício com as indicações de Renan, que incluíam, além de Rose, os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Kátia Abreu (PMDB-TO) como titulares. No entanto, um dia depois de a senadora capixaba ter interpelado Renan no plenário sobre seu discurso contra Temer, o líder da bancada a retaliou e encaminhou outro ofício anulando todas as indicações.
Com a retirada de Rose, Renan tenta convencer o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a reivindicar a relatoria da CMO, para tirar a indicação que cabe ao PP do líder Arthur Lira (AL), seu adversário em Alagoas.
A discussão de Rose com Renan, no plenário, teve a participação de Kátia e Marta Suplicy (PMDB-SP). O líder tinha afirmado que a ex-presidente Dilma Rousseff “não sabia para onde ir”, e que Temer “não tem para onde ir”. Rose foi tirar satisfação e disse que ele não poderia falar isso na posição de líder da bancada sem o aval dos senadores do partido.
Na véspera, em um jantar na casa de Kátia Abreu, segundo um senador do PMDB, Rose já havia reclamado que Renan não podia confundir sua guerra pessoal em relação ao Planalto com o comando da bancada.
Pelo rodízio, agora caberia ao PMDB do Senado indicar o presidente da CMO, e ao centrão da Câmara indicar o relator, que deverá ser o deputado Cacá Leão (PP-BA), por indicação do líder Arthur Lira (PP-AL).
— O direito de indicar a relatoria é do PP, a maior bancada, e o indicado é o Kaká Leão. O Renan tem uma disputa muito forte com o Arthur e o Benedito de Lira por causa de Alagoas, e está insistindo, incentivando o Aécio a entrar nessa briga pela relatoria. Mas Arthur Lira diz que em hipótese alguma abre mão da indicação — disse o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).
O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), negou que Aécio esteja, em parceria com Renan, tentando tirar a relatoria do PP. Mas admitiu que seu partido, como segunda maior bancada da Câmara, depois do PMDB, tem interesse no cargo.
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