Por Bruno Peres e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - Mesmo diante da expectativa de êxito para o governo do presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Palácio do Planalto procurou demonstrar cautela ontem em suas manifestações públicas, enfatizando o discurso de normalidade das atividades de governo.
Integrantes do chamado núcleo duro do governo, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, adotaram um tom de serenidade ao serem questionados sobre a crise política que atinge o Palácio do Planalto, em meio ao julgamento do TSE que pode custar o mandato do presidente Michel Temer - também alvo de acusações envolvendo a cúpula da JBS.
Em relação ao julgamento em si, ambos os aliados de Temer apontaram o histórico de decisões do tribunal consideradas "bem equilibradas" e fundamentadas. Padilha e Imbassahy também procuraram demonstrar confiança pela improcedência das acusações contra o presidente Temer, no âmbito do processo que analisa a chapa que o reelegeu com Dilma Rousseff em 2014.
"A história das decisões do tribunal sempre foram bem equilibradas, avaliadas com base nos autos", disse Imbassahy, pedindo "muita calma, "muita serenidade" e "muita tranquilidade" para a avaliação dos "acontecimentos" envolvendo o processo em si, em meio à crise política. "De cabeça de juiz a gente nunca sabe o que vai sair, então a gente tem que esperar. Não pode ter aflição. Temos confiança, mas temos respeito às decisões que vierem a ser tomadas", endossou Padilha, acrescentando ainda que, em sua avaliação, o Judiciário está imune a influência de atos que venham à tona neste momento, com o processo já em andamento.
Padilha e Imbassahy minimizaram o episódio mais recente a abalar o Palácio do Planalto, envolvendo contradições em relação aos esclarecimentos apresentados por Temer sobre uso de aeronave de propriedade atribuída a Joesley Batista para viagens com a família em 2011, quando ainda ocupava a Vice-Presidência. A assessoria da Presidência afirmou, por fim, que Temer desconhecia a procedência da aeronave, depois de afirmar, em um primeiro momento, que o deslocamento ocorrera em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
"Houve um equívoco [em relação à explicação apresentada pela Presidência] em um fato que não teve tanta importância para o presidente. Essa questão não é tão importante para esse momento que estamos vivendo. É uma questão menor", afirmou Padilha. "Em 2011, o Joesley era conhecido no Brasil como um dos maiores, (...) empresário bem sucedidos. Não se sabia o que estava se passando intramuros da administração da JBS. Acredito até que outros também possam ter utilizado dessas aeronaves", disse Imbassahy.
Também no Congresso o desgaste envolvendo o episódio controverso em relação à viagem em jato particular esbarrou na trincheira do governo. "O presidente pegou uma carona num avião", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "Não vejo problema, a não ser alarde político por conta do momento, mas esse é um assunto menor diante dos problemas que o país está vivendo", completou. (Colaborou Fabio Murakawa)
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