Nascido de uma costela do PMDB, há quase três décadas, o PSDB notabilizou-se por aglutinar quadros qualificados e influentes da academia, do mercado e da burocracia estatal.
Muito de sua imagem e prática, decerto, desfigurou-se com o tempo. Da social-democracia de seu nome, o partido migrou para a centro-direita a partir dos anos 1990, com a oportunidade de derrotar o PT e assumir o Planalto. Foi na máquina paulista, entretanto, que assentou bases duradouras.
Se expoentes petistas sofreram os maiores danos provocados pelos escândalos de corrupção, os tucanos nem de longe saíram incólumes. Seus últimos três candidatos à Presidência —Aécio Neves (MG), José Serra e Geraldo Alckmin (SP)— estão entre os alvos da Lava Jato; o revés político do primeiro parece irreversível.
Ainda assim, a legenda é tida como um dos sustentáculos do presidente Michel Temer (PMDB) –e a reunião marcada para segunda-feira (12), em que decidirá sobre a permanência na coalizão situacionista, tende a ser decisiva para os rumos do governo.
Nem tanto pelo peso do PSDB no Legislativo federal, onde tem não mais que 9% da Câmara dos Deputados e 14% do Senado.
Importa, sem dúvida, a credibilidade que a sigla mantém entre formadores de opinião, associada a seu compromisso com as reformas econômicas. Mais ainda, estão em jogo as estratégias do campo liberal e conservador (à falta de nomenclatura mais precisa) para as eleições do próximo ano.
Os tucanos voltaram a acoplar-se à nave-mãe peemedebista após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), contando, certamente, com a perspectiva de liderar uma aliança centrista no pleito presidencial.
Agora, mesmo que Temer escape da cassação pela Justiça Eleitoral, o partido reavalia a conveniência de se manter atrelado a um governo, além de impopular ao extremo, sujeito a novos e previsíveis desgastes e acusações.
Em seu campo ideológico, afinal, o PSDB ainda tem os nomes de maior visibilidade para a corrida ao Planalto; apresentam-se o governador Alckmin e a aposta no prefeito paulistano, João Doria. Afora estes, restam ao eleitorado antipetista a direita tosca de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e as ambiguidades de Marina Silva (Rede-AC).
Tudo se afigura por demais especulativo, claro, a tamanha distância da disputa. Fato é que, ao menos por ora, as incertezas em torno do presidente enfraqueceram —e encareceram— seus apoios no Congresso Nacional.
Nesse conflito de oportunismos, as ameaças mais graves pairam sobre as reformas essenciais.
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