sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Votação expõe infidelidade dos partidos da base

Siglas como PPS, PSB e PV tiveram maioria contra o governo

Marlen Couto | O Globo

O presidente Michel Temer pode até ter barrado a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas a votação na Câmara expôs uma lista de partidos infiéis, que até pouco tempo viviam em lua de mel com o governo. Levantamento do Núcleo de Dados do GLOBO aponta que 106 deputados filiados a siglas que ocupam algum ministério do governo votaram contra o presidente.

Proporcionalmente, PPS e PSB foram os que mais votaram contra Temer na sessão de anteontem. Dos dez deputados do PPS, sigla do ministro da Defesa, Raul Jungmann, nove acompanharam a oposição.

Temer exonerou temporariamente o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra, filiado ao PSB, para garantir mais um voto a seu favor na Câmara, mas, na legenda, Bezerra foi minoria. Ao todo, 22 dos 35 parlamentares se manifestaram a favor da continuidade da denúncia.

Na bancada do PSDB, que comanda a Secretaria de Governo e os ministérios das Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos, o placar ficou dividido: 47% votaram a favor de Temer e 45% contra.

O resultado acabou expondo ainda as diferentes visões sobre o tema entre os grupos que apoiam as duas principais lideranças tucanas: o senador mineiro Aécio Neves e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Enquanto na bancada mineira seis dos sete deputados votaram a favor de Temer, entre os paulistas foram 11 votos contra o presidente, entre 12 parlamentares. Temer não conquistou unanimidade nem dentro do próprio PMDB. Dos 63 parlamentares da sigla, 84% apoiaram o presidente na votação, mas 10% ficaram contra o colega de legenda.

CENTRÃO ADERE AO GOVERNO
Entre partidos do centrão, Temer conseguiu a adesão de 148 deputados. Em dez siglas, a maioria dos deputados votou a seu favor. No PROS, houve empate. Apenas o PHS, que conta com sete parlamentares, votou em peso pela continuidade da denúncia. As bancadas do PEN e PSL, com seis deputados, apoiaram integralmente o presidente.

Na Câmara, teve ainda quem votou a favor de Temer e, em maio do ano passado, apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff na sessão que decidiu a abertura do processo de impeachment. Nessa conta, estão 23 deputados que ficaram ao lado do Palácio do Planalto nas duas ocasiões, sete deles do PR. Na lista, está o atual ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Nas cinco regiões do país, o presidente conquistou a maioria dos votos. Proporcionalmente, as regiões Centro-Oeste e Norte foram as que mais votaram a favor de Temer, enquanto no Nordeste, Sudeste e Sul houve divisão entre os deputados. Nos estados, o Mato Grosso foi o que proporcionalmente votou mais a favor de Temer. Ao todo, sete dos oito deputados de estado se mostraram pró-governo. O Espírito Santo, por sua vez, votou em peso contra Temer.

Entre os estados endividados que pretendem contar com ajuda da União, Rio Grande e Sul e Rio de Janeiro ficaram rachados, com maioria contra o presidente. Na bancada mineira, a balança pendeu para Temer.

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