“A sociedade já começa a se organizar para eleição de 2018”
- Fábio Matos/Assessoria do Parlamentar
Apesar de uma descrença que muitos apontam como generalizada em relação à classe política, o Brasil vem passando por um momento de intensa mobilização da sociedade como raras vezes se viu. A avaliação é do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou nesta terça-feira (12) do programa “Via Paulista”, da Rádio Trianon (AM 740 KHz), apresentado pela jornalista Adriana Cambaúva.
O parlamentar falou sobre o seminário internacional “Desafios Políticos de um Mundo em Intensa Transformação” (veja aqui), que será realizado nos dias 14 e 15 de setembro, em São Paulo. O evento, organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), terá em sua abertura oficial palestras de Freire, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
“Acho que estamos vivendo um momento de grande participação política. Isso pode parecer estranho, mas é o que eu sinto”, afirmou o deputado. “As pessoas ficam imaginando que participar da política é apenas quando se preocupa com eleição, com partido… Não. A participação política é se preocupar com os nossos destinos, com as nossas vidas, com o Brasil. As pessoas estão acompanhando os processos de investigação e entendem o que significa o Poder Judiciário, o que cabe ao Poder Legislativo… Tenho até certo otimismo de que, mesmo com um descrédito em relação à política, a sociedade começa a se mobilizar com vistas às eleições de 2018.”
Em relação ao seminário, o presidente do PPS disse que se trata de uma excelente oportunidade para que algumas questões importantes no campo da esquerda democrática sejam discutidas. “Essa foi uma ideia que surgiu dentro do partido em função de que um pensamento mais progressista, de esquerda, está em crise, especialmente em função do enxovalhamento que ocorreu pela corrupção dos governos lulopetistas. Por isso, esse seminário é internacional, não restrito a estudiosos e políticos brasileiros. Trazemos alguns especialistas de fora do país e será uma boa discussão”, projeta Freire.
“Nós não vamos resolver o problema, mas ao menos vamos discutir os desafios impostos por este mundo em transformação. E debater alguns cenários que nos permitam sair desse estado de degradação e perda de valores, para que possamos definir melhor essa relação com a sociedade brasileira. Acredito que vai ser muito interessante. Estou entusiasmado e acho que o PPS lavrou um tento por organizar um seminário desse porte.”
Lula
Durante a entrevista, Roberto Freire também foi questionado sobre o novo depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, programado para esta quarta-feira (13) em Curitiba. “Vai ser um depoimento importante porque logo após o depoimento do outro réu nesse processo, que é o [Antonio] Palocci. Ele confirmou muitas das denúncias que estavam sendo feitas ao Lula na sua relação promíscua e corrupta com a Odebrecht”, afirmou o deputado. “Essas confirmações vão dar lugar a que o juiz Moro condene o ex-presidente Lula em outro processo.”
Reforma política
Em relação à expectativa para a votação da reforma política nesta terça na Câmara dos Deputados, Freire diz que não espera profundas alterações. “Acredito que a mudança será pequena na reforma política. Uma delas é a cláusula de desempenho. Partido que não tiver voto não terá acesso ao Fundo Partidário, o que já é algo importante. Acaba com a ideia de que partido se cria como negócio”, analisa.
“Acredito que duas propostas que não ajudavam em nada serão rejeitadas: o chamado distritão, que significa o fim da democracia representativa e um verdadeiro desastre, e o fundo de mais de R$ 3 bilhões para financiar as campanhas, o que é um evidente abuso em um momento como este que vivemos”, prosseguiu o deputado. “Vamos sair dessa reforma melhor do que imaginávamos quando ela começou a tramitar, pois as propostas eram as mais absurdas possíveis.”
Incentivo à ciência
Por fim, o presidente do PPS tratou da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada (veja aqui)) por ele recentemente e que prevê a destinação de recursos ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e à Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
“É bom esclarecer que [o valor] é de 5% sobre receitas líquidas do Estado brasileiro. Se falarmos em termos de PIB, é algo em torno de 1% do PIB nacional. Eu diria que ainda é pouco se compararmos com países como a Coreia do Sul ou mesmo outros países emergentes”, afirmou Freire. “O mundo que descortina o futuro é o mundo do conhecimento, da pesquisa, da ciência, e nesse sentido o Brasil está muito atrasado. Estamos ficando para trás e precisamos recuperar esse tempo perdido.”
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