Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - O PT definiu duas prioridades para 2018: eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência e reforçar a bancada na Câmara dos Deputados, para garantir uma fatia importante da verba do fundo partidário. A legenda deve ampliar as alianças para concorrer aos governos estaduais e restringir o número de candidatos petistas.
Com a liderança de Lula nas pesquisas de intenção de voto e a redução da rejeição do petista, o partido descarta neste momento qualquer "plano B" na eleição presidencial, ainda que o ex-presidente seja condenado pela Justiça.
Na disputa pela Câmara, o PT tentará reverter a redução da bancada, com 57 parlamentares atualmente. O número é menor do que os 59 eleitos em 1998, antes de o partido chegar à Presidência. Segundo o deputado federal Paulo Teixeira (SP), um dos vice-presidentes da sigla, a expectativa é eleger 70 deputados, mantendo o patamar obtido em 2014, antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e do forte desgaste enfrentado pela legenda. O PT elegeu a maior bancada em 2014, com 68 parlamentares.
O PT já chegou a ter 91 deputados eleitos. O resultado foi obtido em 2002, quando Lula conquistou seu primeiro mandato. Na disputa seguinte, em 2006, depois da divulgação do escândalo do mensalão, houve uma pequena redução na bancada, com 83 eleitos. A alta popularidade de Lula ajudou a bancada a voltar a crescer em 2010, quando elegeu 86.
Com exceção do deputado federal Vicente Cândido (SP), os demais deputados devem tentar a reeleição. Entre os novos puxadores de voto previstos estão o ex-presidente do partido Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, e o ex-ministro Alexandre Padilha.
Para Rui Falcão, a recuperação da imagem do PT pode ajudar o partido a voltar a ter o mesmo número de deputados eleitos antes do impeachment de Dilma. A pesquisa Datafolha realizada no fim de setembro mostrou tendência de recuperação da imagem da legenda, que é mencionada como a preferida por 19% dos brasileiros. O PT não alcançava essa taxa desde 2014.
Mesmo com a aposta no crescimento da bancada, o partido prevê que o número de votos na legenda para a Câmara deve diminuir.
O ex-presidente Lula tem estimulado nomes fortes do PT a disputar o Senado, com o temor do encolhimento da bancada. Os senadores Humberto Costa (PE) e Lindbergh Farias (RJ) e o vereador Eduardo Suplicy (SP) cogitam disputar a Câmara, mas Lula insiste para que tentem o Senado. Atualmente o PT tem nove senadores e o mandato de sete deles terminará em 2018. É a terceira bancada da Casa, atrás do PMDB (23) e PSDB (10).
Além da aposta na reeleição dos senadores, o PT reforçará as candidaturas do ex-governador Jaques Wagner (BA) e de Suplicy. Em São Paulo, o nome do ex-prefeito Fernando Haddad também é cogitado. Dilma é citada por dirigentes do partido, mas a ex-presidente não tem demonstrado interesse no Senado.
Lula tem dito, inclusive em eventos públicos do PT, que a estratégia eleitoral do partido para 2018 deve ter como um de seus pilares a restrição ao número de candidatos aos governos estaduais, para concentrar esforços nas eleições para Presidência, Câmara e Senado.
Em evento da fundação Perseu Abramo, do PT, no fim de julho, Lula afirmou que as decisões sobre as candidaturas nos Estados e para o Congresso serão centralizadas pela cúpula do partido, da qual ele faz parte como presidente de honra. Segundo o ex-presidente, a legenda não deve ficar refém de posições pessoais. "O partido tem que decidir se a pessoa merece ser candidata do partido. Às vezes a pessoa decide e impõe sua candidatura", disse naquela ocasião. "Nessas eleições a gente vai ter que pensar. Tem Estado que a gente vai ter candidato a governador, mas tem Estado que é melhor a gente nem ter. É melhor ter candidato a deputado, a senador e fazer política enxergando a política", afirmou.
O ex-presidente disse que "não adianta" ser candidato ao governo do Estado se tiver "3% dos votos". "Poderia ser eleito deputado federal, senador. É importante que tenha dimensão política na hora de escolher", reiterou.
O PT governa cinco Estados - Acre, Bahia, Ceará, Minas Gerais e Piauí. Com exceção de Tião Viana, do Acre, que está em seu segundo mandato, os demais governadores petistas devem disputar a reeleição. O prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, deve ser o candidato ao governo.
O partido tem pelo menos seis candidatos petistas definidos nos Estados. Além da reeleição de Camilo Santana (CE), Rui Costa (BA), Fernando Pimentel (MG) e Wellington Dias (PI), as candidaturas do ex-ministro Celso Amorim no Rio e do presidente do diretório paulista, Luiz Marinho, em São Paulo, são tidas como certas pela legenda.
O PT acena aos aliados e estuda apoiar nomes do PCdoB, PDT, PSB e até PMDB nos Estados. No Paraná, o PT analisa o apoio à candidatura do senador Roberto Requião (PMDB). No Maranhão, estará na chapa de reeleição de Flavio Dino (PCdoB). Em Pernambuco, aproxima-se do governador e candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB).
A conquista dos governos estaduais aumentou depois que o PT chegou à Presidência. Em 2002, o partido estava focado em eleger Lula presidente e fez três governadores, no Acre, Piauí e Mato Grosso do Sul. Em 2006, esse número aumentou para cinco, com a manutenção do comando no Acre e Piauí e a conquista da Bahia, Sergipe e Pará. Quatro anos depois, os altos índices de aprovação de Lula também ajudaram o PT a expandir seu poder nos Estados e o partido elegeu seis governadores, inclusive nas regiões Sul e Centro-Oeste (Acre, Bahia, Rio Grande do Sul, Sergipe, Distrito Federal e Pará). A reeleição de Dilma foi acompanhada pela eleição do PT em cinco Estados.
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