segunda-feira, 9 de outubro de 2017

No PMDB, prevalece o cada um por si nas disputas estaduais

Fernando Taquari e Ricardo Mendonça | Valor Econômico

SÃO PAULO - Maior partido do Brasil em número de filiados (2,4 milhões), o PMDB acumula hoje a Presidência da República, as maiores bancadas da Câmara (61) e do Senado (22) e o maior número de Estados da federação sob seu comando (sete). Tamanha concentração de poder não foi o bastante para unir os caciques pemedebistas em torno de um projeto nacional. A um ano da eleição e a exemplo de disputas anteriores, a sigla não tem um candidato próprio à sucessão do presidente Michel Temer. Nos Estados, um dos focos de 2018, ao lado da eleição legislativa, prevalece a lógica de cada um por si.

Na condição de presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) tem rodado o país nos últimos meses com a incumbência de costurar acordos e consolidar as candidaturas a governador do partido, ainda que muitos dos postulantes não façam parte do grupo político de Temer e nem tenham o interesse de associar a própria imagem ao presidente, que bate recorde de impopularidade. Não é difícil imaginar que o estigma de "candidato de Temer" funcione como uma âncora para seus correligionários. Mesmo assim, Jucá tem sido relativamente bem sucedido em sua missão.

Além dos quatro governadores pemedebistas que podem concorrer à reeleição, o partido dispõe até o momento de pelo menos outros 16 pré-candidatos, sendo que em alguns Estados há mais de um nome cotado. E se depender do senador, esse número vai aumentar nos próximos meses. Em um encontro com prefeitos do PMDB do Piauí, em agosto, Jucá adiantou a estratégia do partido para 2018: eleger o maior número de governadores possíveis e assim pavimentar o caminho da sigla de volta ao Planalto em 2022.


"Nós queremos ter uma candidatura própria à Presidência da República em 2022. Para que isso aconteça, é fundamental que a gente possa [em 2018] disputar e ganhar o maior número possível de governos estaduais. Essa será uma prioridade do partido", declarou Jucá aos prefeitos.

Apesar do esforço do senador, à primeira vista, essa tarefa não será tão fácil, a começar por dois dos principais Estados comandados, atualmente, pelo PMDB. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Pezão e José Ivo Sartori, respectivamente, são alvos frequentes de protestos em meio a um cenário de crise fiscal que levou a um corte severo de gastos públicos e colocou os servidores em rota de colisão com os dois governadores.

No Rio, o partido ainda busca um sucessor para Pezão, que não pode disputar a reeleição. O ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB) é uma possibilidade, embora já tenha sido sondado por outras legendas e seja investigado pela Lava-Jato. No caso do Rio Grande do Sul, ainda tem um outro agravante. Desde a redemocratização, nenhum governador gaúcho conseguiu se reeleger.

No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung, que ainda não decidiu se concorrerá à reeleição ou tentará alçar voos mais altos, está de malas prontas para deixar o PMDB. Nos últimos tempos, ele se reuniu com lideranças do PSDB, DEM e PSB. Sem a possibilidade de contar com Hartung, os pemedebistas cogitam lançar a senadora Rose de Freitas.

Os outros Estados onde o PMDB disputa a reeleição são em Tocantins, com Marcelo Miranda, e Alagoas, com Renan Filho, que ensaia uma aliança com os petistas e o apoio a uma eventual candidatura ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governador alagoano, filho do senador Renan Calheiros (PMDB) - que se notabilizou nos últimos tempos pelos ataques a Temer - não deve ser o único representante pemedebista na corrida estadual com perfil de oposição ao governo federal. No Paraná, especula-se que o ex-governador e senador Roberto Requião, outro crítico das políticas macroeconômicas do presidente, seja candidato com o apoio do PT.

Em São Paulo, no maior colégio eleitoral do país, o PMDB aposta no presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que já disputou o cargo, sem sucesso, nas últimas duas eleições, sendo a primeira, em 2010, filiado ao PSB. O recall e as propagandas institucionais do Sesi-SP, que foram ao ar recentemente e enaltecem seus serviços na área da educação, podem ajudá-lo a alavancar sua pré-candidatura.

Já em Minas Gerais as lideranças pemedebistas estão divididas entre o deputado Rodrigo Pacheco, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Adalclever Lopes, apontado como um nome ligado aos petistas e ao governador mineiro, Fernando Pimentel (PT).

Em cinco Estados (Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte), o PMDB não tem por ora nenhum pré-candidato. Em Pernambuco e Mato Grosso, a sigla tenta atrair lideranças do PSB que possam encampar uma candidatura própria. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, pode concorrer ao governo pernambucano e Mauro Mendes, ex-prefeito de Cuiabá, ao governo mato-grossense.

Além deles, são pré-candidatos o senador Eduardo Braga (Amazonas), o vice-governador Livaldo Chagas (Sergipe), o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (Distrito Federal), os ex-governadores Roseana Sarney (Maranhão), André Puccinelli (Mato Grosso do Sul) e José Maranhão (Paraíba), o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (Pará), o ex-ministro João Henrique Sousa (Piauí), os deputados federais Daniel Vilela (Goiás) e Mauro Mariani (Santa Catarina), a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, e o deputado estadual Mauro de Carvalho (Rondônia).

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