Presidente da Câmara põe aliado em Cidades e deve dar aval a mudança no comando do BNDES
Igor Gadelha / O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - As mudanças no primeiro escalão do governo que o presidente Michel Temer anunciará nos próximos dias vão fortalecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Além de decidir entregar o Ministério das Cidades a um dos principais aliados de Maia, o governo prepara a troca do comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – demanda do presidente da Câmara, responsável pelo cronograma de votação do plenário, o que inclui a reforma da Previdência. Ontem, Temer foi à casa de Maia para um almoço do qual participou o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO), escolhido para substituir Bruno Araújo (PSDB-PE)no Ministério das Cidades. Segundo um ministro próximo de Temer, ele deve indicar um nome que tenha aval de Maia para comandar o BNDES. O atual titular, Paulo Rabello de Castro, é alvo de pressão da base após ter sido lançado pelo PSC pré-candidato à Presidência.
As mudanças no primeiro escalão que o presidente Michel Temer vai anunciar nos próximos dias irão fortalecer o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ). Além de decidir entregar o Ministério das Cidades a um aliado de Maia, o governo já prepara a troca do comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – defendida pelo presidente da Câmara.
Temer quer manter uma boa relação com Maia em razão da posição estratégica do deputado. Como presidente da Câmara, ele é responsável pelo cronograma de votação do plenário, o que inclui a reforma da Previdência e as medidas fiscais já enviadas pelo governo. O governo também precisa de Maia para votar os ajustes na reforma trabalhista, na medida provisória enviada pelo Planalto, o que contrariou o deputado, que defendia as mudanças por projeto de lei.
Ontem, Temer foi à casa de Maia para um almoço do qual participou o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO). Um dos principais aliados de Maia, Baldy foi convidado oficialmente para substituir Bruno Araújo (PSDB-PE) nas Cidades e aceitou. Parlamentares da base aliada e integrantes do núcleo político do governo também participaram do encontro, que se estendeu por toda a tarde.
Segundo um ministro próximo de Temer, o presidente deve indicar um nome que tenha aval de Maia para comandar o BNDES, maior fonte de financiamento hoje no País.
O atual titular do BNDES, Paulo Rabello de Castro, é alvo de pressão por parte de líderes da base governista. As críticas aumentaram após ele ter sido lançado pelo PSC como précandidato à Presidência, durante convenção do partido em Salvador (BA), anteontem.
O argumento é de que Rabello de Castro não pode continuar no cargo sendo pré-candidato. “Ele deve sair para cuidar só da candidatura dele agora”, disse o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA). “O Paulo Rabello não pode falar e fazer determinadas coisas na presidência do BNDES e continuar no governo. Por mim, ele já estaria fora”, afirmou o vice-líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM).
Temer, porém, ainda não bateu martelo sobre o nome do novo comandante do BNDES. Amigo do presidente, Rabello de Castro assumiu o BNDES em junho, após a saída de Maria Silvia Bastos Marques. A nomeação, contudo, nunca teve a simpatia de Maia. O presidente da Câmara não gostou de não ter sido consultado pelo governo sobre a escolha. Na época, ele defendia o nome de Luciano Snel, da Icatu Seguros, para o posto.
Rabello de Castro vem sendo alvo de “fogo amigo” desde que assumiu o cargo, por bater de frente com o governo em algumas situações (mais informações nesta página). A principal delas, a antecipação de pagamento ao Tesouro Nacional de empréstimos feitos ao banco de fomento.
‘Diarista’. Ao Estado, o economista afirmou que a cobrança por sua saída “perdeu o objeto”, pois não é candidato. Ele disse ter se filiado ao PSC para contribuir com uma “agenda para o debate nacional”, mas não descartou se candidatar. “Sou candidato a continuar meu trabalho. No futuro, se o Brasil insistir e se o presidente Temer insistir, posso ter outra missão para cumprir no aspecto político.”
Em entrevista durante a convenção partidária, no sábado, o presidente do BNDES afirmou que só se considerará candidato após a convenção do partido. “Meu cargo pertence ao ministro do Planejamento e, por sua vez, é um cargo do presidente. Brinco que sou um presidente diarista”, declarou.
No evento, Rabello de Castro, contudo, fez um discurso de candidato: “É preciso coragem para desafios do próximo ano e virada do Brasil para a prosperidade, que nós vamos ter”. Mas, ontem, atribuiu o lançamento de sua pré-candidatura à imprensa. “Se eu também fosse da imprensa estaria desejoso de aparecer mais nomes”, desconversou.
Na troca do comando do Ministério das Cidades, a indicação de Baldy vinha sendo articulada por Maia desde outubro e tem apoio do PMDB e de partidos do Centrão, entre eles PR, PSD e PP – sigla à qual o futuro ministro deverá se filiar, mas ainda sem data.
No encontro de ontem na casa de Maia foi discutida não só a reforma ministerial, como a da Previdência. Temer também tem ouvido Maia para escolher o substituto de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) na Secretaria de Governo. O PMDB de Minas reivindica o posto e já apresentou ao presidente dois nomes: o dos deputados Mauro Lopes e Saraiva Felipe.
Ao deixar a residência oficial, Temer fez questão de se deixar filmar e fotografar ao lado do presidente da Câmara.
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