Pouco entusiasmados com a política, os eleitores chilenos -menos da metade deles, a rigor- deram início ao sétimo ciclo de votações presidenciais desde o fim da sangrenta ditadura Pinochet.
O desencanto deveria ser comemorado, pois é típico de nações desenvolvidas, em que o resultado eleitoral altera pouco o rumo da comunidade. O Chile já percorreu 4/5 da estrada que conduz ao seleto clube dos países ricos, enquanto o Brasil está parado no meio do caminho há 37 anos.
Em 1980, o trabalhador chileno e o brasileiro tinham praticamente a mesma produtividade. Cada um produzia cerca de US$ 30 mil por ano, em dinheiro de hoje. O brasileiro ficou estagnado. O chileno agora entrega quase US$ 55 mil por ano.
Escolhas mais contemporâneas -como o grau de abertura aos negócios, domésticos e externos-, misturadas a algumas decisões do passado mais distante, têm provável relação com a diferença nos destinos das duas nações sul-americanas.
Em 1890, o Chile registrava taxas de matrícula no ensino primário acima da média latino-americana, enquanto a brasileira rastejava em metade desta marca. O efeito de longo prazo, contudo, não deve ser exagerado. A Argentina, potência educacional e econômica no raiar do século 20, vive decadência de quase cem anos.
Moderação, o que na política se confunde com modorra e ceticismo, parece ser a resultante da marcha das nações que se aproximam do desenvolvimento. Os picos da euforia e os vales da depressão são menos pronunciados. Há mudanças grandes e definitivas, mas elas só se deixam enxergar na vertente das décadas.
Vencedores de hoje, na política e nos negócios, estarão derrotados amanhã, sem que ninguém ache forças para evitar seja a queda do aliado, seja a ascensão do adversário. O Chile aderiu a esse jogo e deve tornar-se a primeira nação latino-americana rica na próxima década.
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