Vandson Lima, Marcelo Ribeiro e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - O PMDB voltará a se chamar MDB e mira os segmentos evangélico e de defensores do meio ambiente, para os quais abrirá espaços na burocracia partidária. As decisões foram confirmadas na convenção nacional da sigla, realizada ontem.
O evento, esvaziado, acabou contando com uma controvérsia em torno da presença do presidente Michel Temer - primeiro confirmada, depois cancelada e, por fim, com a aparição-surpresa do presidente quando os correligionários já não o aguardavam.
Ao chegar, o presidente alegou problemas para conciliar a agenda, com muitos compromissos oficiais. Novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun havia dito instantes antes, contudo, que Temer sentira um desconforto. Ele se recupera de um procedimento cirúrgico na uretra, realizado semana passada.
Houve ainda pemedebistas que disseram que Temer havia desistido de ir devido ao baixo quórum do evento.
Em sua fala, Temer disse que a convenção lhe renderia a vitalidade e força necessárias para enfrentar os próximos desafios à frente do Palácio do Planalto. Ele fez questão de destacar a importância de se aprovar a reforma da Previdência em 2018. "Vocês me revitalizam. Estava embaraçado com compromissos, mas disse ao Jucá que tinha que vir para ganhar forças para o que vamos ter que enfrentar", garantiu Temer".
O presidente destacou que agora o foco do governo é caminhar em direção à aprovação da reforma da Previdência, que, segundo ele, "não prejudica ninguém". "Todos saem ganhando, especialmente o país. Não podemos brincar com a Previdência e não fazer a reforma, porque daqui a pouco não teríamos como pagar as aposentadorias. A esperança, que o país já está ganhando com a aprovação de outras propostas, cresce ainda mais diante da possibilidade de a reforma da Previdência sair".
Como já fez em outras oportunidades, o pemedebista voltou a listar os "feitos" de sua gestão à frente do Palácio do Planalto. "Assim que assumimos o governo, conseguimos revitalizar o país. Estamos fazendo um governo reformista com o apoio do Congresso. Não foi fácil fazer a PEC do Teto de gastos, a reforma do ensino médio. A PEC do Teto era chamada de PEC da Morte, mas nós decidimos enfrentar o tema", lembrou. "Nós fizemos uma parceria com o Legislativo e conseguimos aprovar a PEC. Nós enfrentamos a resistência à reforma do ensino médio e conseguimos aprová-la e hoje ela tem alto índice de aprovação. Estou impressionando com o número de vagas abertas com a modernização trabalhista", garantiu.
Além disso, Temer lembrou de sua chegada à presidência da República, afirmando não ter sido fácil "pegar o governo" como ele pegou. "Eu devo a minha vida pública ao MDB. O MDB sempre teve consciência que é preciso fazer uma coalizão de forças para governar", concluiu o presidente.
À frente do comando da sigla, o senador Romero Jucá (RR) disse que a mudança de nome "não é volta para o passado. É um passo gigantesco para o futuro". ]Ele negou que a alteração vise desvencilhar seus integrantes de investigações ou da impopularidade da antiga legenda. "Não temos nenhuma vergonha do que o PMDB ou MDB está fazendo. Não há nenhum tipo de ação para esconder qualquer coisa", disse. "Eu quero que os eleitores associem o MDB àquilo que Temer e o PMDB fizeram. Pegamos um país quebrado. Estamos entregando um país recuperado, gerando empregos e inflação controlada", defendeu.
Depois de falar do papel do PMDB na luta pelo retorno à democracia e no alinhamento a todos governos posteriores a José Sarney, Jucá falou chegada da sigla ao poder, com o impeachment de Dilma Rousseff. "Com Itamar Franco, FHC, Lula e Dilma garantimos a governabilidade. Entramos então na maior crise de todos os tempos. Não fugimos à luta. Com Temer, iniciamos a recuperação do país", apontou. "Damos um passo para o futuro, com a retomada do nosso nome, MDB. Seguimos na luta pelo direito à liberdade econômica e à prosperidade", avaliou.
Nesta pretendida 'nova fase' da legenda, Jucá diz que o MDB defenderá "um Estado mais enxuto e responsável, que gasta aquilo que arrecada. É hora de olhar para frente. A ponte para o futuro já chegou. O futuro passa pelo MDB". Além da mudança de nome, foram votadas adequações no estatuto partidário para incorporar as mudanças feitas na legislação com a aprovação da reforma política.
Ele confirmou que, como presidente do partido, privilegiará na distribuição de verbas para a campanha aqueles que contribuíram com o governo Temer nas votações no Congresso Nacional. "Claro que serão apoiados com mais força aqueles que forem fiéis. Não vamos tratar igualmente os desiguais".
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