Danilo Cersosimo / O Estado de S. Paulo.
O Barômetro Político Estadão-Ipsos de dezembro continua a registrar tendência de alta na aprovação do ex-presidente Lula, que atinge agora 45% (era de 24% há exatamente um ano). Sua desaprovação, que era de 72% em dezembro do ano passado, está agora em 54%.
Se por um lado sua reprovação ainda é alta, por outro é inegável que o corpo a corpo pelo Brasil vem trazendo bons resultados, seja na redução deste indicador, seja na conversão de aprovação em votos – estão aí as pesquisas eleitorais comprovando tal cenário captado por este monitoramento há alguns meses.
Que o ex-presidente Lula sempre teve alta popularidade entre as camadas mais pobres não é novidade. Ainda que tenha oscilado em aprovação nas classes D E nos últimos meses, sua imagem sempre se manteve muito positiva. No que tange às classes A B, sua aprovação que era de 14% em junho deste ano, está agora em 35%. No mesmo período, saltou de 28% para 45% na classe C. Ainda há mais rejeição do que aceitação à Lula nestes segmentos, mas não deixa de ser relevante que a distância entre esses indicadores tenha sido reduzida ao longo do último ano.
Sua popularidade nas áreas Norte e Nordeste se mantém em alta, especialmente nesta última, com 73% de aprovação (era de 53% em julho). Houve significativo crescimento de aprovação tanto na região Sul quanto no Sudeste, que atingiram respectivamente 30% e 39%, configurando uma melhora expressiva nos últimos meses, ainda que com algumas oscilações.
Entre níveis de escolaridade também houve mudanças significativas. Em abril, a aprovação do ex-presidente Lula entre aqueles sem instrução era de 54% e entre as pessoas com ensino superior era de 26%. Em dezembro, esses indicadores são de 53% e 42%, respectivamente. Sua aprovação subiu em todos os níveis de escolaridade, mas continua menor que a desaprovação em quase todos os estratos.
Essa melhora em aprovação se dá num contexto no qual o atual governo tem 87% de avaliação ruim ou péssima, o desemprego continua sendo o pior problema do país segundo os brasileiros e os escândalos de corrupção continuam presentes. Além disso, a pauta das reformas é vista com insegurança (porque distante e, portanto, incompreendida), além do receio de perda de direitos.
Lula tem a seu favor a lembrança de uma era de crescimento econômico e melhorias no campo social – e vem daí boa parte da sua aprovação. As acusações que pesam contra si passam a ser relativizadas em um país onde a classe política faz todos os esforços para pouco se diferenciar em relação às suas condutas.
O julgamento no TRF-4 em janeiro vai impactar sua imagem: se for condenado, sua popularidade pode ser abalada, ao menos parcialmente. Se uma improvável absolvição ocorrer, a tendência é que sua aprovação continue a crescer paulatinamente. Mas não será somente a imagem de Lula que sofrerá impactos após o julgamento.
O Barômetro Político Estadão-Ipsos traz em dezembro um dado que parecia improvável há um ano: o juiz Sergio Moro pela primeira vez apresenta mais desaprovação (53%) do que aprovação (40%). Essa tendência já havia sido apontada em agosto e se explica pela percepção que a opinião pública tem de que a Lava Jato está perdendo força, bem como pelo enfraquecimento da imagem da Justiça e suas instituições, abalando a confiança no sistema.
Tal fenômeno não impacta somente a popularidade de Sergio Moro: todos os nomes associados ao sistema judiciário, incluindo o do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, apresentaram pioras em seus índices de aprovação. Gilmar Mendes continua com sua desaprovação subindo, atingindo 85% (próximo ao patamar de políticos como Eduardo Cunha, Aécio Neves e Renan Calheiros).
A popularidade dos nomes do PSDB também não chega a entusiasmar, ao menos nesse momento. Geraldo Alckmin viu novamente sua desaprovação subir – de 67% para 72% – e sua aprovação retroagir de 24% para 19%, cessando momentaneamente uma pequena tendência de alta que parecia se configurar.
Jair Bolsonaro continua navegando nos mesmos patamares de aprovação e desaprovação desde agosto. Parece ter atingido seu teto de popularidade, mas ainda é cedo para fazer essa avaliação dado que seu potencial de crescimento não está claro através de eventuais simpatizantes enrustidos.
Marina Silva, que vinha de três meses de alta em aprovação – entre agosto e outubro – agora parece estar em tendência de queda, com 28% de aprovação e 62% de desaprovação – um desgaste perigoso para uma candidata que outrora detinha 22 milhões de votos.
Num eventual cenário com Lula fora da corrida eleitoral, muita coisa pode mudar. Seus possíveis herdeiros no PT – Jacques Wagner e Fernando Haddad – ainda não tem capital de imagem para levar o partido de volta ao poder.
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