Por Rosângela Bittar | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso está perdendo a expectativa, alimentada com muita ansiedade e preocupação por faixas do eleitorado e formadores de opinião, de que ainda vai aparecer um nome novo na política para a disputa eleitoral da Presidência da República este ano. "Acho difícil. Sabemos mais ou menos o quadro. Luciano Huck poderia ser o novo, não tinha alma política e por isso estava sendo esperado como renovador; Joaquim Barbosa, que falam de vez em quando, nunca teve opinião política real. Quem mais? Os demais são políticos conhecidos e calejados". Essa hipótese do novo é difícil de se concretizar, prevê.
O comentário foi feito em conversa para esclarecer movimentos a ele atribuídos no sentido de, depois de ter sido patrono da candidatura Huck, estaria agora sensível à postulação do empresário Flavio Rocha.
"Não conheço esse candidato, como ele se chama? Rocha. Nunca vi, pelo menos que eu me lembre. Não estou apostando em nada, alguns dizem até que encomendei pesquisa, que estou insatisfeito, tudo mentira", afirmou Fernando Henrique.
Sobre Huck, o ex-presidente se define: "Com o Luciano eu conversei, como converso sempre, sou amigo dele, da mãe dele, do padrasto dele, do irmão dele, é uma relação que prezo. Mas eu nunca disse outra coisa a não ser que ficaria com o PSDB, com o candidato do partido. Tem muita onda, muita intriga".
Fernando Henrique enfatizou que mantém contato com Alckmin, ainda anteontem tiveram longa conversa por telefone antes de o governador passar o dia em reuniões partidárias em Brasília, escolhendo candidatos do PSDB pelo Brasil afora. Lembrou que ajudou o governador a ser eleito presidente do partido.
"A campanha está uma confusão danada, nem começou ainda, o Geraldo Alckmin, que provavelmente será o candidato do PSDB, tem condições de aparecer no momento oportuno", afirmou o ex-presidente.
Ele atribui boa parte da confusão a grupos interessados, tanto em São Paulo quanto no plano nacional, em manter o jogo eleitoral mesmo sem haver dados concretos para tanto. "Mas o eleitor ainda está muito apático".
À pergunta sobre como tem passado, apesar das tentativas de envolvê-lo nas intrigas eleitorais, Fernando Henrique resgata o bom humor: "Vou levando como posso, a essa altura dos acontecimentos e da idade". Ele se declara, por essas razões, apenas um observador. Mas não o deixam quieto. "Apesar de eu estar fora do jogo, tem muita pressão de vários lados, a gente acaba envolvido".
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