Partidos serão adversários em Pernambuco e Espírito Santo e querem nomes próprios em SP e no DF
Silvia Amorim / O Globo
-SÃO PAULO- Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não terá como pagar o preço que o PSB está cobrando para apoiá-lo na eleição. Refém de arranjos regionais do PSDB, o tucano já foi avisado por lideranças de seu partido que alianças com os pessebistas não acontecerão em estados onde eles têm exigido reciprocidade. Pior: em alguns locais, como Pernambuco e Espírito Santo, PSDB e PSB serão adversários.
Os dois estados estão na lista de reivindicações do PSB ao tucano, além de Distrito Federal e São Paulo. Na sucessão pernambucana, o PSDB selou acordo com PMDB, DEM e PTB para fazer oposição ao candidato à reeleição do PSB, Paulo Câmara. Segundo o presidente do PSDB em Pernambuco, deputado Bruno Araújo, a composição dará a Alckmin um “palanque consistente” no estado para a campanha nacional: — A chance (de apoiar o PSB) é zero. No Espírito Santo, o PSDB se aliou ao PMDB, de Paulo Hartung, candidato à reeleição, enquanto o PSB lançará o exgovernador Renato Casagrande.
— A tendência é estarmos sem o PSB. Não tem como impor que uma aliança nacional se repita nos estados — afirmou o presidente do PSDB capixaba, o vice-governador Cesar Colnago.
No DF, o tucanato está dividido entre quem apoia a reeleição de Rodrigo Rollemberg (PSB) e os que trabalham para lançar um candidato próprio. Em 2017, Alckmin se aproximou muito de Rollemberg, um dos aliados que o tucano tem no PSB para tentar convencer os demais dirigentes da sigla a apoiá-lo.
As duas legendas também insistem em lançar candidatos próprios em São Paulo. No PSB, o vice-governador Márcio França, que assume o governo em abril, quer a reeleição. Já o PSDB argumenta que, após 24 anos no poder, não pode abrir mão de um candidato. Semana passada, Alckmin pôs lenha no embate ao dizer que o melhor para ele seria ter um candidato único em sua base. Aliados começaram a ventilar a possibilidade de filiar França ao PSDB, o que gerou reação do grupo ligado ao prefeito João Doria, que exige prévias caso ocorra a filiação do pessebista.
O interesse de Alckmin no PSB nacional envolve o tempo de TV no horário eleitoral. A legenda tem cerca de 45 segundos. O PSDB tem entre um minuto e um minuto e meio, perdendo apenas para PMDB e PT. Alckmin calcula que precisará de ao menos cinco legendas para ter, no mínimo, quatro minutos de propaganda em cada bloco de 12 minutos.
Além dos arranjos estaduais, outro problema é que o PSB se dividiu em diversas correntes desde a morte de Eduardo Campos, em 2014. Cada grupo quer apoiar um pré-candidato à Presidência. No PSDB há quem aconselhe Alckmin a ignorar as cobranças, alegando que o PSB não teria “tamanho político” para tantas exigências.
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