Por Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer está atuando em diversas frentes para vender caro o apoio do MDB e da máquina federal à pré-candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, à Presidência da República. Diante de sua impopularidade e do desempenho fraco nas pesquisas de intenção de voto, o emedebista encomendou ao ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, um estudo para levantar possíveis medidas para baratear o preço dos combustíveis, como a tarifa da gasolina.
Temer acredita que com a adoção da medida conseguirá ver uma melhora da avaliação do governo em pesquisas futuras, o que poderá tornar mais pesada a moeda de troca pelo seu apoio nas urnas.
Ainda que partidos do centro político tenham demonstrado disposição em articular a criação de uma ampla aliança isolando PSDB e MDB, Temer decidiu ampliar suas investidas sobre as legendas do bloco. Pensando em valorizar seu passe nas negociações pela composição de uma candidatura única do centro político, o presidente resolveu retomar a interlocução com legendas como o PRB, que tem o empresário Flávio Rocha como pré-candidato ao comando do Palácio do Planalto, e o PR e o PP, que não apresentaram candidatura própria.
Ontem, em reunião com o deputado Fausto Pinato (PP-SP), Temer teria falado em alianças regionais entre emedebistas e progressistas, mas também colocou na mesa que seria interessante que "os partidos pudessem jogar juntos" na corrida presidencial. Na terça-feira, as investidas foram sobre o ex-ministro Marcos Pereira, que é presidente do PRB.
Segundo auxiliares do Planalto, Temer acredita que, se o flerte com PRB, PP e PR vingar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é pré-candidato à Presidência pelo partido comandado pelo prefeito de Salvador ACM Neto, deixará de resistir à possibilidade de fazer parte de uma composição com as demais legendas do centro.
Caso esse cenário se concretize, Temer terá mais fichas na mesa para negociar por mais espaço na chapa única do centro político. Em conversas reservadas, o emedebista tem afirmado a interlocutores que o cenário ideal é que o centro consiga compor uma aliança formada por pelo menos nove siglas em torno de uma candidatura. "Ele quer que se juntem com o MDB o DEM, PSD, PP, PR, PTB, Solidariedade, PRB e PSDB", afirmou um aliado de Temer ao Valor.
Em outra frente para potencializar a força de seu apoio nas urnas, Temer investirá em agenda com bancadas evangélicas. A aproximação com o grupo tem o objetivo de minar uma eventual aliança dos religiosos com o pré-candidato do PSL à Presidência, deputado Jair Bolsonaro (RJ). Em reunião com o ex-ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira, do PTB, Temer iniciou a construção de uma estratégia para conseguir adesão entre os evangélicos. Nogueira, que é pastor, se comprometeu a auxiliar o emedebista na ofensiva.
Além da proximidade com a bancada, o presidente intensificará a agenda em igrejas evangélicas, com o objetivo de conquistar apoio dos religiosos a candidatura dele ou ao postulante ao Planalto que seja eventualmente apoiado pelo MDB.
Interlocutores de Temer afirmaram que o presidente está certo de que se tiver o apoio de lideranças evangélicas poderá venderá caro a aliança com Alckmin ou com outro nome do centro político.
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