Senador vem sendo pressionado por aliados a não tentar se reeleger, mesmo tendo chances de obter uma das vagas do Senado em Minas
Daniel Carvalho e Bernardo Caram | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Com a proximidade das eleições, o senador Aécio Neves (PSDB) vem sendo pressionado por aliados a não tentar se reeleger, mesmo tendo chances de obter uma das vagas do Senado em Minas, estado em que alcançou 92% de aprovação quando deixou o governo, em 2010.
Um dos nomes de maior projeção do PSDB, Aécio tornou-se um político isolado e cuja incerteza sobre o futuro deixa aliados apreensivos.
Desde que foi divulgada gravação em que pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS, o mineiro, que quase chegou à Presidência em 2014, passou a ser um problema para seu partido.
Tucanos temem que sua presença na chapa majoritária, mesmo que ele tenha um eleitorado cativo, traga dificuldades para o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) chegar novamente ao comando do estado.
Ironicamente, foi pelas mãos de Aécio que Anastasia, então seu vice, foi eleito governador pela primeira vez, há oito anos.
Para o presidente do PSDB-MG, deputado Domingos Sávio, o eleitor de Aécio votará em Anastasia independentemente da posição em que ele se colocar nas eleições.
Para o deputado, portanto, ceder a vaga a outro partido pode fortalecer a aliança e trazer mais votos para o candidato ao governo do estado.
“Quando foi definida a candidatura ao governo de Minas, ele [Aécio] deu uma demonstração de que estaria inclusive disposto a algum sacrifício em prol da eleição do Anastasia”, disse o deputado, ponderando que a decisão final caberá ao próprio Aécio.
A tese de que uma chapa sem Aécio é mais forte é compartilhada pelo secretário-geral do partido, deputado Marcus Pestana. Para ele, o PSDB “poderia ter a generosidade” de não disputar essas vagas ao Senado em Minas.
A formação da chapa ainda está em processo de negociação. Para uma das vagas ao Senado, tende a ser oficializado o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais Dinis Pinheiro (SD).
Entre os possíveis nomes para a segunda vaga, estão o jornalista Carlos Viana (PHS) e o deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM). O posto de vice ficará com o deputado federal Marcos Montes (PSD).
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) nega que Pacheco tenha intenção de disputar o Senado. “Pacheco é candidato [ao governo]. Qualquer outra coisa é fofoca”, disse à Folha.
Integrantes da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) procuram minimizar o desgaste que Aécio poderia impor à candidatura tucana ao Planalto.
“Tenho muito respeito pela história dele. Foi um ótimo governador, ajudou todos nós como presidente do partido e agora está cuidando da defesa dele”, diz o coordenador político da campanha de Alckmin, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo.
Em nota, a assessoria de Aécio disse que ele mantém conversas com lideranças do PSDB para definir sua atuação nas eleições. “A prioridade do senador Aécio continua sendo a construção de entendimentos para ampliar alianças em torno da candidatura do PSDB ao governo do estado.”
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