DEM projeta liberar os estados; Ciro, Alckmin e Bolsonaro racham partidos
Bruno Góes, Cristiane Jungblut e Dimitrius Dantas | O Globo
-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Líderes de partidos do chamado “centrão” saíram frustrados de reunião ontem na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília, onde debateram uma possível união para a campanha à Presidência da República. No início da tarde, caciques de DEM, PP, PRB, PR, PSC e PHS conversaram sobre os possíveis cenários, mas não houve consenso. Há uma divisão entre Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Mais distante, o PR flerta com Jair Bolsonaro (PSL).
O DEM, que organizou o encontro e esteve representado por seus principais líderes, nem mesmo indicou quem prefere apoiar. Com a bancada no Congresso dividida, a legenda tenta encontrar um caminho intermediário que acomode os interesses de todas as suas correntes: fechar um acordo nacional, mas, ao mesmo tempo, liberar os estados para atuarem da forma mais conveniente regionalmente, sem retaliações.
Segundo uma das lideranças do partido, já não há qualquer ilusão de que o DEM consiga chegar a uma unanimidade em torno de alguma das quatro pré-candidaturas que estuda. Atualmente, os parlamentares do partido se dividem entre Ciro, Alckmin, Álvaro Dias (Podemos) e Bolsonaro (PSL). Este último tem encontrado mais adeptos dentro do partido desde que ficou claro que Rodrigo Maia não será candidato.
Rodrigo Maia e ACM Neto flertam com Ciro Gomes, mas não conseguem apoio da maioria da sigla para seguir com o pedetista. Já Mendonça Filho defende Alckmin e é cotado para ocupar a chapa presidencial do tucano como vice.
— É uma proposta de encaminhamento (liberação dos diretórios estaduais) que provavelmente prevalecerá. Ainda não é uma decisão tomada, mas a realidade local dos estados vai falar mais alto que qualquer aliança formalizada de última hora — disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB).
A estratégia do partido é, sem uma candidatura própria à Presidência, priorizar as candidaturas aos governos estaduais. Em 2014, o partido teve apenas dois candidatos a governador. Quatro anos depois, o número deve crescer para oito. A sigla aposta, principalmente, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso. Integrantes do partido defendem dois critérios para a definição da aliança nacional: a perspectiva eleitoral e a vinculação com a agenda.
Essa equação eleitoral e o desempenho fraco nas pesquisas de Geraldo Alckmin são os principais entraves para um acordo com o PSDB.
PP RESISTE EM APOIAR ALCKMIN
Representando o PP, o senador Ciro Nogueira (TO) deixou claro que seria muito difícil seu partido apoiar Geraldo Alckmin, pois isso o impediria de ter sucesso no pleito do seu estado. A preferência do PP é por uma aliança com Ciro Gomes.
O Solidariedade também tende a apoiar Ciro. Paulinho da Força e Aldo Rebelo estiveram na reunião. Paulinho indicou que a maioria deve caminhar para um só um lado: Ciro ou Alckmin, mas que há divergências a sanar.
— Esse bloco tem 185 deputados, ou seja, tem 36% do tempo de rádio e televisão, e nós nos reunimos para decidir, mas não decidimos. Vamos continuar conversando. No sábado que vem, vamos ter uma reunião em São Paulo desse grupo. E decidimos então que, na semana que vem, vamos resolver. Então, até quarta-feira, esse grupo se reúne de novo para decidir o caminho — disse Paulinho.
Antes de chegar à reunião, o presidente do PRB, Marcos Pereira, já demonstrava insatisfação com o quadro de indefinição. Ele indicou que pode manter o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, como pré-candidato. O PRB rejeita uma aliança com Ciro Gomes. Internamente, o preferido para compor é Gerlado Alckmin.
— (Flávio Rocha) é candidatíssimo. O pessoal está cansado de ser usado. A bancada está cansada de ser usada. Os partidos maiores querem usar o tempo do partido, mas não querem ter reciprocidade com o partido. Querem usar a gente para ter presidência da Câmara, vice-presidência. Aí, se for nessa linha, é melhor a gente manter a nossa candidatura.
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