Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) estima que o PT continuará a maior bancada da Câmara dos Deputados em 2019, o PSL de Jair Bolsonaro dobrará de tamanho e o número de siglas no Congresso pode subir de 26 para 32. O estudo divulgado ontem aponta que o Legislativo "não será muito diferente do atual, com pequeno crescimento da direta e da esquerda e encolhimento discreto do centro".
O "prognóstico preliminar" feito com base em análise dos principais candidatos e coligações estaduais diz que o PT elegerá de 55 e 65 deputados federais. O partido fez 68 parlamentares em 2014 e está, hoje, com 61.
Segundo a estimativa, o MDB do presidente Michel Temer disputará com PSDB e PP o posto de segunda maior bancada. Os emedebistas, que elegeram 65 deputados há quatro anos, estão com 51 e devem perder ainda mais espaço: farão entre 44 e 50 parlamentares. Os tucanos, que hoje são 49, elegerão de 42 a 50. O PP tem 50 deputados e deve fazer de 40 a 48.
Outros partidos do "Centrão", como PSD e PRB, devem ampliar suas bancadas (ver tabela). O PR ficará parecido: tem 40 deputados e perspectiva de eleger de 36 a 40. Já o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), é um dos poucos partidos que o Diap estima que voltará menor das urnas. A sigla elegeu 21 deputados, mas cresceu com filiações e chegou a 43. A estimativa é que ele- ja entre 28 a 36 parlamentares.
Outros partidos que devem voltar menores, prevê o Diap, são o Podemos, do presidenciável Alvaro Dias, que tem 17 deputados e deve ficar com 10 a 13, e o Patriota, que disputa a Presidência com o deputado Cabo Daciolo (RJ) e deve fazer uma bancada de um a três deputados. O PSL, que abrigou a candidatura de Bolsonaro, tende a crescer de oito deputados para entre 15 e 18.
O estudo indica que a Câmara deve sair das urnas ainda mais fragmentada. Há quatro anos, 28 partidos elegeram representantes. Hoje 26 siglas têm cadeiras no Congresso, número que pode aumentar para 32. Legendas que disputam a eleição nacional pela primeira vez, como o Rede, da presidenciável Marina Silva, e o Novo, de João Amoêdo, agravariam o problema. Ambos têm podem eleger até 10 deputados.
A cláusula de desempenho, contudo, deve reduzir o número de partidos com as quais o futuro presidente da República terá que lidar. Quem não eleger pelo menos 9 deputados ou receber 1,5% dos votos para a Câmara ficará sem direito ao fundo partidário e a propaganda na TV e os eleitos poderão trocar de partido sem perder o mandato. Pelo estudo, 14 legendas podem ficar abaixo dos nove parlamentares.
Para Antônio Queiroz, diretor do Diap, haverá elevado índice de reeleição e muita "circulação no poder": deputados estaduais, senadores, ex-ministros, ex-deputados, suplentes bem votados, ex-prefeitos e ex-secretários se elegerão para a maioria das vagas de deputados que desistiram de concorrer ou que não terão sucesso nesta eleição. "Os poucos efetivamente novos serão policiais linha dura, evangélicos fundamentalistas, celebridades ou em razão da força do dinheiro e da relação de parentesco com oligarquias estaduais", diz.
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