Em entrevista, Bolsonaro põe em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas; acusação já foi rebatida pelo TSE
Jussara Soares | O Globo
O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, voltou ontem a colocar sob suspeição o resultado das eleições. Em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da Band, disse que não aceitará resultado que não seja favorável a ele. —Não posso falar pelos comandantes (militares). Pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição — disse Bolsonaro, negando que sua postura seja antidemocrática. — É um sistema eleitoral que não existe em lugar nenhum do mundo — complementou o parlamentar, voltando a levantar suspeitas sobre o atual sistema que não exige o voto impresso.
Bolsonaro é autor de uma lei aprovada pelo Congresso restituindo o voto impresso, mas que foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, já havia respondido críticas anteriores de Bolsonaro às urnas eletrônicas. A ministra afirmou que as falas do presidenciável eram “desconectadas da realidade” e que as urnas “são absolutamente confiáveis”.
A confiabilidade das urnas eletrônicas também havia sido ratificada pelo ministro Dias Toffoli, que assumiu neste mês a presidência do STF. “Digo que ele (Bolsonaro) sempre foi eleito pela urna eletrônica. As urnas são totalmente confiáveis. São auditáveis para os partidos, Ministério Público e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)”, afirmou na época.
O político disse que não suspeita de ministros do TSE porque “eles não têm capacidade de hackers”, mas sim de funcionários do órgão. Procurado, o TSE informou ontem que não comentaria as declarações de Bolsonaro.
O candidato também voltou a dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, não aceitaria passivamente sua prisão caso não tivesse um “plano B”. O deputado também disse que não há risco de golpe e afirmou que as Forças Armadas só agiriam se o PT “errasse primeiro”.
— Golpe, eu não acredito nisso. O que eu vejo das instituições militares (Marinha, Aeronáutica, Exército) eles não tomariam iniciativa. Se a primeira falta, o PT viesse a cometer sim, daria poder iaacontecer sim a participação das forças armadas, mas o PT errado primeiro. E não nós, afinal as Forças Armadas estão aí, nós somos avalistas da Constituição. Não existe democracia sem Forças Armadas .
Mais tarde, em outra entrevista, desta vez a Boris Casoy, Bolsonaro disse que “da nossa parte não tem golpe. Seremos escravos da Constituição e governaremos pelo exemplo”. A Datena, o candidato disse ainda que determinou a seu vice, o general Hamilton Mourão, e ao seu consultor econômico, Paulo Guedes, apelidado por ele de “Posto Ipiranga”, que não se manifestassem mais para evitar controvérsias na campanha. Nas últimas semanas, declarações dos dois geraram polêmica. Mourão chamou a existência do 13º salário de “jaboticaba brasileira” , e Guedes sinalizou com a volta de um imposto nos moldes da antiga CPMF.
— Eu falei, sim, para ele (Mourão) ficar quieto porque está atrapalhando. O vice geralmente não apita nada, mas atrapalha muito — disse Bolsonaro.
Ontem, relatório da Polícia Federal informou que não foram encontrados indícios de mandante ou participação de terceiros na tentativa de Adélio Bispo de Oliveira de matar Bolsonaro com uma facada. Para a polícia, Adélio tentou matar Bolsonaro por motivo ideológico.
A PF analisou dois terabytes de dados obtidos em um laptop, quatro celulares e dois chips, entre outros documentos apreendidos com Adélio.
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