Entrevista com José Gregori, jurista
Jurista José Gregori chefiou pasta da Justiça e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso
Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo
Ministro da Justiça e titular da Secretaria Nacional de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso, o jurista José Gregori, um dos fundadores do PSDB, disse ao Estado que considera um equívoco a aproximação de alas do partido com Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL.
• Uma ala do PSDB defende o apoio a Bolsonaro caso Alckmin não vá ao 2.º turno. Como avalia?
Isso é um equívoco. Minha posição é diametralmente oposta. O grande sucesso do PSDB e sua justificativa histórica foi sua trajetória de trabalhar pela desradicalização do Brasil. Fernando Henrique sempre foi um moderador, um homem do diálogo. Enquanto não se fecham as urnas, é precipitação. O resultado da eleição está aberto. O PSDB deve mostrar a vantagem da via que oferece ao povo, que é o Geraldo Alckmin.
• O PSDB e Bolsonaro estão em campos opostos?
Houve um avanço nos direitos humanos no País. Isso foi feito por gente que pensa, age, acredita e sonha de maneira diferente do Bolsonaro. A mensagem que justifica o aparecimento do PSDB é ter conseguido a manutenção de uma democracia que não se ajusta à concepção de democracia que Bolsonaro tem.
• Em um eventual 2.º turno sem Alckmin, o que falaria mais alto no partido: o antipetismo ou a rejeição a Bolsonaro?
Não devemos antecipar etapas. Essa é uma eleição de movimentos. O que me preocupa na polarização é que são dois movimentos que se hostilizam de uma forma que atravanca o desenvolvimento.
• Existem mais pontos em comum entre tucanos e petistas do que entre tucanos e o candidato do PSL à Presidência?
Desde o momento que se soube da existência do Bolsonaro, ficou claro que ele é contra a nossa visão de democracia.
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