PSL de Bolsonaro negocia apoio à permanência de Rodrigo Maia no comando da Câmara
O presidente Jair Bolsonaro caminha para ter no presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um aliado de peso. O partido do chefe do Executivo, o PSL, deve apoiar a reeleição de Maia, tendência que contribui para desmobilizar outras candidaturas e aumentar o arco de apoio ao parlamentar fluminense.
Caso a aliança de fato prospere, trata-se do passo mais importante, até aqui, na articulação do novo governo com o Congresso —e o sinal mais promissor para o avanço de uma agenda econômica politicamente difícil.
Os dois lados, a princípio, têm a ganhar. Maia, porque a onda eleitoral direitista mudou a configuração de forças na Câmara e tornou menos cômoda sua permanência no posto; Bolsonaro, por não dispor de uma coalizão partidária baseada na divisão do poder.
Experiente no manejo legislativo, o deputado viu a oportunidade de um casamento de conveniência, facilitado pelo fato de comungar das ideias liberais do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Não está claro ainda o grau de engajamento de Bolsonaro nessa articulação —ele não a vetou, ao menos. De todo modo, parece que o governo cede ao menos parcialmente às demandas da negociação política tradicional, que rejeitou na formação de seu ministério.
Há sensatez no movimento. Por mais que se abominem as velhas barganhas de cargos e verbas, a concertação de um programa com o Congresso é uma imposição do presidencialismo democrático.
Maia não pode nem deve atuar como uma espécie de líder do governo na Câmara. Entretanto sua experiência em formar blocos de apoio tenderia a facilitar a tramitação de projetos, em particular de reformas como a da Previdência.
A despeito da longa carreira parlamentar, Bolsonaro é neófito na costura de acordos amplos. Tampouco parecem sólidas as credenciais dos ministros escalados para a tarefa de articulação política, Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).
O governo marca pontos, portanto, se evitar o envolvimento em um conflito desordenado pela disputa da Câmara, o que costuma causar divisões letais para a estabilidade política —o exemplo mais notório e recente é o de Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Cunha (MDB).
Pouco, decerto, diante da complexidade da pauta econômica e da promessa de inovar na prática legislativa. Mas ao menos uma primeira armadilha seria contornada.
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