Alunos e professores de instituições de ensino federais como Pedro II, Cefet e IFRJ, atingidos por bloqueio de mais de 30% das verbas, cercaram o Colégio Militar do Rio, onde Bolsonaro participou do aniversário da escola
Ana Paula Blower / O Globo
Centenas de alunos, pais e professores dos colégios Pedro II, Cefet, IFRJ e de Aplicação da Uerj e da UFRJ se reuniram para protestar, na manhã de ontem, em frente ao Colégio Militar do Rio, na Tijuca, Zona Norte da cidade, onde o presidente Jair Bolsonaro participou da comemoração dos 130 anos da instituição.
Os manifestantes estavam munidos de cartazes, livros e cadernos escolares e contestavam os cortes de mais de 30% das verbas dos institutos e universidades federais, anunciados na semana passada pelo Ministério da Educação. No total, o MEC já bloqueou R$ 5,7 bilhões de seu orçamento, e ainda elevará o corte a R$ 7,4 bilhões, seguindo o que foi determinado pela equipe econômica do governo.
Organizado pelos grêmios estudantis, o ato fechou as ruas no entorno do colégio e foi acompanhado por agentes da Polícia do Exército e da Polícia Militar.
O presidente não chegou a ter contato com manifestantes, mas, dentro da escola, foi criticado por uma ex-aluna da instituição, que participou da cerimônia. Maria Eduarda Pontes, de 24 anos, formada na turma de 2013, criticou a promessa de Bolsonaro de implementar colégios militares em todas as capitais do país. Ela disse ter se aproximado do presidente quando ele deixava o local.
— Falei que ele estava se comportando como inimigo da educação. Ele só sorriu e entrou no carro — disse Maria Eduarda. — Tenho muito orgulho de ter estudado aqui, mas acho que ele não tem noção do custo de um colégio militar. Deveria ter vergonha de fazer esse corte lá fora (na educação) e vir aqui dentro falar em mais colégios militares. Poderia investir nas escolas públicas que já existem.
Enquanto os cortes no MEC atingiram quase todos os níveis da educação, na Defesa foi preservada integralmente uma rubrica de R$ 12,5 milhões destinada à prestação de ensino assistencial nos colégios militares.
Segundo dados levantados pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, o congelamento de recursos do MEC compromete R$ 2,1 bilhões das universidades e R$ 860,4 milhões dos institutos federais —categoria na qual se enquadram o Pedro II e a Cefet, por exemplo.
Mesmo a educação básica, apontada como prioridade por Bolsonaro, sofreu um corte de pelo menos R$ 914 milhões. Somente do programa de apoio à infraestrutura de escolas desta etapa foram congelados R$ 273,3 milhões, cerca de 30% do total.
Colaboraram Bernardo Mello e Renata Mariz (de Brasília)
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