Mas, pela primeira vez depois de Franco, a extrema direita colocou representantes no Legislativo
As eleições europeias tendem a ser acompanhadas com especial atenção devido ao ciclo por que passa o continente de expansão da extrema direita. Justifica-se, porque foi na região que o nazifascismo cresceu, chegou ao poder e gerou uma das maiores catástrofes em séculos.
O pleito mais recente, o espanhol, no último fim de semana, teve como vencedor o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de centro esquerda, o que provocou algum alívio em quem defende a democracia representativa.
O partido, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, passou de 85 para 123 cadeiras no Congresso, o que não o permite governar sozinho, pois para isso são necessários 176 assentos. Mas lhe garante uma posição privilegiada para negociar alianças.
Como em toda a Europa, forças nacionalistas de extrema direita estão presentes. Na Espanha, pelo Vox. O comparecimento às urnas no domingo foi 9% acima ao das eleições de 2016, e isso ajudou a centro esquerda. É possível que a repulsa ao Vox — xenófobo, misógino etc. — tenha contribuído para isso.
Mas a extrema direita teve motivos para comemorar, pois, pela primeira vez depois da ditadura de Franco, passou a ter representantes no Legislativo nacional.
Sánchez chegou ao poder na crise do PP, de centro direita, com a queda do primeiro-ministro Mariano Rajoy, do PP, envolvido em caso de corrupção. O PP perdeu metade das cadeiras, enquanto a centro esquerda, com o PSOE, cresceu.
O fato serviu de algum alento para a social-democracia europeia, que vem sofrendo derrotas e dificuldades na esteira da crise mundial que elevou o desemprego na região, enquanto conflitos no Oriente Médio trataram de despejar milhares de refugiados no continente, o que insufla o nacionalismo, a xenofobia.
É neste contexto que se fortalecem no Leste europeu (Hungria, Polônia, Eslováquia) forças de extrema direita, que têm a simpatia do nacional-populista presidente americano Donald Trump e aliados. No Brasil, contam com apoio do presidente Jair Bolsonaro, a cuja posse esteve presente o homem forte do regime “iliberal” húngaro, o primeiro-ministro Viktor Orbán.
Ainda em abril, a centro esquerda, com o partido Social-Democrata, também ganhou, embora por margem mínima, o maior número de cadeiras no Congresso da Finlândia — 17,7% dos votos ou 40 assentos. Uma apenas a mais que as 39 dos populistas do Finn.
Não se pode dizer que a maré extremista de direita começa a refluir. São apenas sinais. As eleições para o Parlamento Europeu, de 23 a 26 deste mês, serão um termômetro mais preciso.
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