As
sete indicações de
obras brasileiras para o Emmy Internacional provam mais uma vez que o Brasil é
um dos maiores produtores de conteúdo cultural do planeta. Somente o Reino Unido
teve número de indicações igual, ninguém ficou à nossa frente. Das 11
categorias, o Brasil participa de sete: Programa de Arte; Melhor ator; Melhor
atriz; Comédia; Telenovela; Minissérie ou Filme para TV e Programa de
Entretenimento sem Roteiro. Claro que isso representa muito para a indústria
cultural, e portanto o governo a mantém-se atento e estimula muito o setor.
Certo? Errado.
Na
Casa de Rui Barbosa entrou
uma jornalista que disse ao GLOBO ter se preparado quatro meses para ocupar a
vaga. O Iphan foi ocupado por uma senhora do ramo da hotelaria e que tem por
mérito ser casada com um segurança de Bolsonaro. A Fundação Palmares coube a um
cidadão que acha que a escravidão fez bem aos negros brasileiros. E na Funarte,
claro que não podia faltar, entrou um coronel reformado do Exército. Como se não
bastasse este festival de horrores, Frias nomeou sua dentista, uma amiga
querida, como coordenadora-geral do Centro Técnico Audiovisual da secretaria.
Claro
que não basta nomear
nulidades, o importante também é não se mexer muito e fazer pouco, ou quase
nada. O setor cultural foi o mais atingido pela pandemia de Covid-19, com o
fechamento de teatros, casas de show e cinemas. E o que o governo fez para
apoiar a classe de trabalhadores mais sufocada pela crise sanitária? Nada. Nem
a Lei Aldir Blanc, que está em vigor desde 29 de junho, foi aplicada. Ela
estabelece ajuda emergencial a artistas em necessidade. Embora regulamentada
por decreto do governo, até agora nenhum centavo dos R$ 3 bilhões previstos
saiu dos cofres públicos para as contas dos beneficiários. Spotify e Ecad já
distribuem recursos próprios entre músicos.
O
Brasil não é fera apenas
em dramaturgia, no jornalismo e na produção de conteúdo para TV, razão pela
qual acumula sucessos no Emmy. Os brasileiros são excelentes na música, no
teatro, no cinema, na literatura, na moda, na arquitetura, no design. Nossos
homens e nossas mulheres se destacam onde quer que a criatividade seja exigida.
Em 2017, segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan),
o setor ofereceu 837 mil empregos diretos no país.
Elio
Gaspari me
autorizou a oferecer uma viagem de ida a Tegucigalpa a quem encontrar uma única
menção do ministro da Economia sobre o assunto. Paulo Guedes, o maior falador
da Esplanada dos Ministérios (quinta-feira, teve de ser empurrado pelo general
Ramos para que encerrasse uma entrevista coletiva) nunca disse uma palavra a
favor da indústria criativa. Em 2017, informa o mesmo estudo da Firjan, o segmento
contribuiu com 2,6% do PIB. O chamado PIB criativo daquele ano foi de R$ 171
bilhões, mais ou menos um quarto da economia que a reforma da Previdência vai
gerar para os cofres da União em dez anos.
Se
a questão for de
fomento e simpatia com a indústria criativa, esqueça. O governo Bolsonaro tem
foco em outros lugares, como a indústria de armas, por exemplo. Por sorte, a
iniciativa privada ocupa os espaços vazios. E os brasileiros seguirão ganhando
prêmios, sem apoio, sem governo, mas com a sua reconhecida criatividade.
Orgia maldita
O que tirou do ar o
discurso de Bolsonaro na ONU foi uma legenda fantasma que apareceu onde deveria
estar a tradução para o inglês da sua fala. O problema durou segundos, mas ocorreu e até agora não
foi bem explicado. A legenda que apareceu sob a imagem do presidente do Brasil,
na transmissão via YouTube, era a seguinte, no original: “A goddamn orgy or she cocoa didn’t hidden danger principal”.
O texto parece ter sido empastelado, por falta de coerência. Sua tradução seria
mais ou menos assim: “Uma maldita orgia ou ela não escondeu cacau do perigo
principal”. A única coisa que se assemelha à fala de sua excelência é a
sentença inicial.
Começa amanhã
A campanha eleitoral
para prefeituras e câmaras de vereadores das 5.570 cidades brasileiras começa
oficialmente neste domingo. Normalmente, eleição municipal trata de questões
muito mais paroquiais do que as de natureza política. Na maioria das cidades
não vai ser diferente este ano. Mas nas capitais dos estados e nas grandes
cidades do interior um certo caráter plebiscitário poderá
ser visto. Por isso, Bolsonaro tenta não se ligar a nenhum candidato. Mas não
tem jeito, seu governo será escrutinado com certeza.
Cota de clientes
Clientes do Banco do
Brasil têm sentido cada vez mais a sensação de que a direção do banco está
trabalhando com muito empenho para liquidar a reputação da instituição antes de
colocá-la à venda. Ou até por isso. Uma das coisas que mais irrita são os caixas
eletrônicos. Muitos estão inoperantes porque
quebraram e não foram trocados e outros não funcionam nos fins de semana. Em
Brasília, um correntista quis trocar de agência, porque havia se mudado e
queria uma mais próxima da sua casa. Ele foi à agência para onde pretendia
migrar sua conta e não conseguiu fazer a transferência por uma razão inusitada.
“Não podemos fazer a mudança, senhor. Nossa cota de clientes acabou”, respondeu
a gerente.
Seis bilhões
Não sei você, mas tem
gente sentindo um certo alívio agora que Wilson
Witzel é quase passado. O problema é o presente, que
atende pelo nome de Cláudio Castro. O negócio é trabalhar por um futuro melhor,
porque nunca é demais lembrar o número publicado pelo GLOBO no domingo passado:
“A corrupção no Rio movimentou R$ 6,1 bilhões em 20 anos”.
Flamengo no escuro
O Flamengo é a cara do
Rio. Ao protagonizar mais uma vergonha pública, agora
na defesa da reabertura imediata dos estádios, a diretoria do clube mais
querido do Brasil mostrou que nada deve a Crivella, Witzel e Bolsonaro, com
quem já andou de braços dados. Rodolfo Landim e companhia optaram pelo lado
obscuro da vida.
Cuba 1
Com população de 11,2
milhões de pessoas, Cuba tem 5 mil casos registrados de coronavírus com apenas
115 mortes. Trata-se de uma das mais baixas taxas do mundo. Das duas uma: o isolamento social está funcionando perfeitamente
na ilha ou os dados estão maquiados. Não cabe comparar com a Coreia do Norte,
país absolutamente fechado para o mundo, porque Cuba é aberta e sua principal
fonte de renda é o turismo.
Cuba 2
Vale a pena ver o
documentário “Cuba e o Cameraman”, do cineasta Jon Alpert, disponível na
Netflix. Durante cinco décadas, Alpert fez visitas regulares à ilha, filmou e
conversou com diversos cidadãos cubanos, inclusive Fidel Castro. Conheceu os
irmãos Borrego, três lavradores e uma dona de casa, e Luís Amores, que sempre
se virou como pôde nas ruas de Havana. Em cada uma das visitas ao longo de 50
anos visitou os Borrego, Luís e outros personagens que construíram uma belo mosaico cubano. Acompanhou
o envelhecimento e a morte dos irmãos Borrego. Viu Luís se virando até ser
preso por roubo, e depois solto. Viu também a menina Caridad virar adulta, ter
filhos e fugir para Miami. Com Fidel fez diversas entrevistas. Estava à bordo
do avião que o levou para Nova York para discursar na sede da ONU e o visitou
em sua casa poucos meses antes dele morrer. O documentário mostra Cuba durante
a abundância da era soviética, na ruína pós colapso do comunismo no Leste
Europeu, e na fase atual, da abertura para o turismo e para a reunião familiar.
Imperdível.
Ruth Bader Ginsburg
Entre fevereiro e maio
passados, 11,5 milhões de mulheres perderam seus empregos nos Estados Unidos,
segundo pesquisa da Pew Research. No mesmo período, nove milhões de homens foram demitidos. Tem
coisa errada aí.
Agradeça à China
Prometida para outubro, a vacina chinesa pode ser usada por Trump como arma eleitoral. Quem diria…
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