Nesse
pretenso risorgimento, três segmentos vão se destacando: as ações das empresas
de tecnologia, da indústria farmacêutica ligada à cannabis sativa, a famosa
maconha, e as do campo da energia: mostrou, há alguns dias, a consultoria
Seeking Alpha, que opera na avaliação de cenários.
As ações
das empresas de energia são capitaneadas por aquelas de geração renovável e
alternativa, não poluentes, como as hídricas, as eólicas e as solares.
Apresentam um crescimento ainda modesto (+0,8%), mas sinalizam para uma adoção
mais extensiva. A sustentabilidade está tendo aderência cada vez mais
recorrente.
O mercado global de cannabis sativa - de efeitos maléficos, benéficos e recreativos -, mesmo sob limitações legais, movimentou, no ano passado, US$ 18 bilhões, devendo atingir, no final de 2026, um montante de US$ 194 bilhões, segundo projeções do Banco de Montreal. Atualmente, 40 nações permitem o uso medicinal da erva e outros cinco o recreativo. Prevê-se que, em cinco anos, 60 países terão autorizado, de alguma forma, o seu uso para fins diversos.
Porém, o
que mais assusta nesse cenário é o crescimento do mercado mundial de serviços de tecnologia
(entre 26 a 30%). Somados ao isolamento pandêmico, que exige uma nova forma de
convivência com a realidade, as TICs estão mudando as visões de mundo e os
comportamentos convencionados, afetando a formação de toda uma geração de
crianças e jovens em isolamento.
A chamada
nuvem pública, onde o hardware (infraestrutura) e o software (plataforma de
serviços) são compartilhados, oferece diversos recursos e facilidades virtuais,
alguns domésticos, como sistemas operacionais, armazenamento e gerenciamento de
dados, redes, roteadores, segurança e gerenciamento de projetos, amplamente em
expansão.
Estão
fazendo uma devassa nos sistemas tradicionais e analógicos. A receita do segmento
alcançou US$ 233,4 bilhões, conforme mostra o IDC - Internacional Data Corporation. Os cinco
principais provedores de serviços de nuvem pública (Amazon Web Services,
Microsoft, Salesforce.com, Google e Oracle), já capturam mais de um terço do
total mundial dos dados em circulação. Crescem juntos cerca de 35% ao ano.
De
acordo com o Predictions Brazil 2020, da consultoria IDC (“I don’t care”), o
mercado de nuvem pública no Brasil deve atingir US$ 3,5 bilhões em 2020, o que
representa um crescimento de 36,6% sobre o ano anterior. Na área privada,
deverá chegar a US$ 1,3 bilhão, impulsionado
por empresas de grande porte, sobretudo de finanças. O nicho da chamada nuvem
gerenciada, prestadoras de serviço a terceiros, poderá alcançar um volume de
negócios superior a R$ 1,2 bilhão, quase 40% acima do que em 2019.
Os
efeitos de algo com tais características e dimensões sobre a vida cotidiana é
quase invasivo. Exige muita reflexão, em todos os setores. Desde a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
nº 13.709, de 2018, a sociedade e o governo brasileiros vem se distraindo com
questões de insegurança nos sistemas: quedas de energia, invasão da
privacidade, falsidades ideológicas, interrupção de processos produtivos,
bancários e atéjurídicos.
Cada vez
mais informatizados, os sistemas vão gradualmente engolindo etapas, custos e os
empregos convencionais: mais de 5 milhões, este ano. São 28 projetos na Câmara dos Deputados tentando
regulamentar o trabalho do home office (escritório em casa), com 7,6 milhões de
adeptos. Os incorporadores imobiliários estão assustados diante do esvaziamento
dos edifícios. Os aglomerados de espigões
estão configurando cidades fantasmas. Os sindicatos, todos, praticamente
emudeceram. A pandemia cuidou de imobilizar a terceira idade.
Na área
da educação, aguarda-se apenas a tecnologia 5G (novo padrão de dispositivos
móveis, altamente eficientes) para adoção ampla pelo ensino à distância. Em
2019, foram ofertadas 9,4 milhões de vagas nessa área. Em 2020, o sistema teve
a adesão compulsória do ensino presencial envolvendo crianças, jovens e
adolescentes em processo de aprendizagem e o número de alunos tornou-se
estratosférico. O que fazer?
No
Brasil, quando apareceram os primeiros computadores, surgiu de uma Secretaria
Especial de Informática (1979), ligada ao Conselho de Segurança Nacional, um
projeto de Governo que pressupunha equidade, justiça, competência e honestidade
– tudo eletrônico. Foi submergindo aos poucos. Assustou muita gente, no campo
da política, a possibilidade dos computadores assumirem a direção da gestão do
Estado, inclusive do Judiciário, que se informatizou até um limite que não
viesse a se interpor no caminho da vaidade de cada um. O filme “Odisseia no
Espaço” e alguns livros, como 1984 (Orwell), somados à ignorância sobre novas
tecnologias, serviram de suporte.
Contudo,
o risorgimento indica que estão vindo por aí maneiras novas de existir e de
coexistir.
*Aylê-Salassié F. Quintão, Jornalista e professor, doutor em História Cultural
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