Bolsonaro
enfrenta pressão pelo boicote que promoveu à imunização
As
imagens das primeiras pessoas, na maioria idosos sorridentes e esperançosos,
sendo vacinadas no Reino Unido emocionaram
quem assistiu televisão neste início de semana, e a chegada do tão esperado
imunizante trouxe a cobrança que seria inevitável: e nós, e o Brasil?
Nós
somos governados por Jair
Bolsonaro, e esta é a razão pela qual o País está hoje lá atrás na
corrida global pela vacinação contra o novo coronavírus.
O presidente negacionista está sentindo agora o resultado de seu negacionismo desde o início da pandemia: Bolsonaro é hoje um líder acossado pelos cidadãos, ávidos pela vacina, e pelos políticos, que também sentem a cobrança da população de seus Estados. E ela vai crescer e ganhar as ruas.
A imprensa sempre alertou que não adiantava o presidente se comportar como um antivax irresponsável e liberar sua tropa inconsequente, capitaneada por deputados como Bia Kicis, para vomitar sandices nas redes sociais, como aquela segundo a qual vacinas podem alterar o DNA das pessoas. Quando as vacinas começassem a ser ministradas mundo afora a omissão do governo federal ficaria patente.
Mas
o que colocou fogo no pavio da pressão sobre Bolsonaro e seu ministro da Saúde,
o titubeante e suarento general Eduardo
Pazuello, foi o movimento, também político, do governador de São
Paulo, João Doria Jr., de fixar uma data para o início da imunização
no Estado com a Coronavac (que ainda não apresentou os estudos de fase 3, que
comprovam a eficácia, e até agora não tem aprovação nem da Anvisa nem de
agências internacionais).
Diante
da data de 25 de janeiro, governadores de todos os Estados foram a Brasília
cobrar do ministro um plano que não deixe as demais unidades da federação de
fora.
Com
sua franqueza crua, o prefeito Alexandre
Kalil (PSD), reeleito em primeiro turno em Belo
Horizonte, vaticinou em entrevista recente ao Roda Viva que
Bolsonaro não teria como negar o acesso dos brasileiros à vacina quando ela
chegasse, qualquer que fosse ela, mesmo a “chinesa” Coronavac: “Isso é crime! É
impeachment!”.
É
o medo do impeachment e de uma queda ainda maior na popularidade que justifica
a corrida desengonçada do presidente, de Pazuello e
do entorno dantesco por mostrar iniciativa na busca por uma vacina — até agora
vale qualquer uma, menos a do Butantan.
Bolsonaro
e os filhos, que incentivavam a criminosa pregação antivacina, agora defendem a
imunização em suas redes sociais. Sumiram cloroquina, invermectina e outros
embustes que eles e até o dublê de ministro da Ciência e astronauta tentaram
enfiar goela abaixo de incautos. E com os quais torraram bilhões de dinheiro
público em estudos inócuos e compras injustificáveis. Todo esse show de
horrores não tem até aqui nenhuma responsabilização judicial.
Mas
agora o cerco se fecha. O STF e o Congresso devem
adotar medidas nos próximos dias aumentando a pressão sobre o Ministério da
Saúde e a Anvisa. Governadores farão fila no Supremo cobrando o dispositivo da
“Lei Covid-19” (13.979) para que vacinas sejam validadas pela Anvisa
imediatamente, se já tiverem aprovação de uma de quatro grandes agências
internacionais.
O
prazo de fevereiro para a aprovação das vacinas que o “especialista em
logística” (sic) Pazuello deu será encurtado por ele e por Bolsonaro em novas
declarações atabalhoadas.
Vacina
é uma conquista da civilização. A jornada da Ciência para criar e aprovar em
tempo recorde imunizantes com diferentes tecnologias para o novo coronavírus é
mais um capítulo emocionante dessa epopeia.
Que no caminho entre o nós e a vacina esteja um governante que tem profundo descaso pela vida é mais um dos infortúnios que o Brasil tem de enfrentar por ter, em 2018, votado majoritariamente em alguém inepto para presidi-lo.
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