Luiz
Fux assumiu a presidência do Supremo com uma posse contagiante. Na contramão
das recomendações sanitárias, o ministro insistiu numa cerimônia presencial
seguida de coquetel. A festa deixou ao menos dez autoridades infectadas com a
Covid. Além do homenageado, contraíram o vírus o presidente da Câmara e o
procurador-geral da República.
A
presidente do Tribunal Superior do Trabalho, que entrou na lista dos
contaminados, precisou ser transferida para um hospital em São Paulo. Passou 16
dias internada e teve que receber oxigênio por um cateter. Chocada com o mau
exemplo, a professora Ligia Bahia definiu a FuxFest como um “covidário”. “Foi
um evento totalmente irresponsável”, resumiu.
Três meses depois da posse, o presidente do Supremo está de volta ao noticiário da pandemia. Ontem ele defendeu o tribunal pela tentativa de furar a fila da vacina. O órgão pediu à Fiocruz que reservasse sete mil doses para imunizar ministros e servidores.
Em
documento oficial, o Supremo sustentou que a vacinação vip seria “uma forma de
contribuir com o país nesse momento tão crítico”. Questionado, Fux disse não
ver nada de errado na carteirada. “Temos de nos preocupar para não pararmos as
instituições fundamentais do Estado”, justificou.
O
ministro informou que o tribunal fez o pedido “de forma delicada, ética”.
Delicadamente, a Fiocruz respondeu que destinará suas vacinas ao Ministério da
Saúde, sem atender a “qualquer demanda específica”. As doses serão distribuídas
segundo os critérios do Programa Nacional de Imunizações. As regras não
mencionam o uso da toga como fator de risco para a Covid.
O Supremo não é a primeira instituição a reivindicar preferência na distribuição da vacina. No início do mês, promotores paulistas pediram que a categoria fosse incluída “em uma das etapas prioritárias” da imunização. Depois foi a vez de o Superior Tribunal de Justiça tentar furar a fila da Fiocruz. A turma do “vacina pouca, meu braço primeiro” nunca admite estar em busca de privilégios. Ontem Fux disse ter uma “preocupação ética” com o assunto.
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