Vexame!
Na
última quinta-feira à noite, depois de amargar uma série de derrotas no Supremo
Tribunal Federal e no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou sua
live semanal no Facebook para responder aos seus seguidores nas redes sociais
que cobravam o pagamento da 13ª parcela do Bolsa Família como ele prometeu na
campanha eleitoral de 2018.
E
o que ele disse logo se espalhou com cheiro de queimado entre os principais
ministros do governo. Bolsonaro culpou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ),
presidente da Câmara, por ter deixado caducar a Medida Provisória que garantia
o pagamento este ano. Para variar, mentiu. Foi a pedido dele que a Medida
Provisória deixou de ser votada. Faltou dinheiro para honrar o compromisso.
Maia reagiu chamando Bolsonaro de mentiroso e anunciou que no dia seguinte poria a Medida Provisória em votação. Tocou o Deus nos acuda dentro do governo. E a fórmula encontrada para reparar o estrago foi escalar auxiliares do presidente para corrigi-lo. Em entrevista coletiva, a pretexto de fazer um balanço do ano, o ministro Paulo Guedes, da Economia, admitiu:
–
Sou obrigado, contra minha vontade, a recomendar que não seja dado o 13º do
Bolsa Família. É lamentável, mas precisamos escolher entre um crime de
responsabilidade [que seria o pagamento da 13ª parcela] e a lei [de responsabilidade
fiscal que pune a realização de gastos sem previsão no Orçamento].
Enquanto
o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria do Governo, disparava
telefonemas para líderes de partidos insatisfeitos com o que dissera Bolsonaro,
o deputado Ricardo Barros, líder do governo, reconhecia nas redes sociais que
tudo não passara de um mal entendido do presidente da República. Mais tarde
renovou o pedido de desculpas em discurso na Câmara.
O
dia ainda não tinha terminado. Na contramão do discurso oficial do governo,
o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do
Ministério da Economia, Roberto Fendt, em evento virtual da Sociedade Nacional
de Agricultura, afirmou que o Brasil nada ganhou com os acordos comerciais
assinados recentemente com os Estados Unidos
“Se me prometerem que não vão contar ao
presidente (Jair Bolsonaro) o que vou contar agora… Mas o protocolo é bom para
eles [EUA]”, observou Fendt. “Não ganhamos nada com a aproximação com o
presidente Donald Trump.” E repetiu: “Celebrou-se abertura de linha
crédito nos EUA. Para quem? Para os exportadores americanos. Ganhamos muito
pouco”.
Bastou
por aí? Não. Bolsonaro criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar
obrigatória a vacinação em massa contra a Covid-19 e de impor restrições a
pessoas que não quisessem se vacinar. Garantiu que o governo federal não
imporia nenhuma restrição. Porém, em entrevista ao STB, o general Eduardo
Pazuello, ministro da Saúde, disse o contrário:
–
É uma decisão [a do Supremo] que vejo com muita naturalidade, porque já estava
previsto por lei. Só está sendo ratificada e define o que o Ministério da
Saúde vai dizer… Cabe a nós colocar quais são essas restrições. Então é uma
coisa natural, isso será avaliado. Claro que não é uma obrigação forçada,
ninguém vai tirar você da sua casa para vacinar. Ficou claro essa posição.
Bolsonaro
disse que não haveria vacinas para todos. Pazuello disse:
–
Existe um cronograma. Dentro de um cronograma será disponibilizada para todos
[…] Chegando ao final de um cronograma, considerando aí as entregas dos
laboratórios, as produções nacionais, os registros da Anvisa, a logística como
um todo, ao final nós teremos disponibilizado a todas as pessoas do nosso país,
de forma gratuita, universal e igualitária.
Em tempo: embora tenha contraído o vírus e se recuperado, Pazuello antecipou que irá se vacinar, sim. Bolsonaro foi vítima do vírus, mas nega que tomará a vacina. Confia na sua saúde de atleta.
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