Eleição
municipal foi uma onda cinza, dominada pelo crescimento do PSD e pelo
ressurgimento do DEM
Os
meteoros vermelhos que brilharam nesta eleição caíram. Os candidatos mais
jovens da esquerda perderam, por diferença de votos maior do que as das
projeções de véspera das pesquisas. O PT não venceu nenhuma capital. O PSOL
conquistou Belém, com Edmilson Rodrigues, prefeito agora pela
terceira vez, com um vice do PT, batendo o candidato bolsonarista.
De
destaque, foi tudo. A eleição foi uma onda cinza, dominada pelas sub-legendas
do centrão, pelo crescimento do PSD e pelo ressurgimento do DEM, onda
confirmada neste segundo turno.
Guilherme
Boulos (PSOL) perdeu para o PSDB em São Paulo, Marília
Arraes (PT) perdeu para a “esquerda de centro” do PSB em Recife, Manuela
D’Ávila (PC do B) perdeu para a velha política do MDB em Porto
Alegre.
Sob certo aspecto, ainda assim essas derrotas têm um quê de ressurreição no fundo do poço. Nessas cidades muito grandes, simbólicas e importantes, candidatos de cara nova mostraram que a esquerda tem um grande potencial de votos. Deve haver mais gente no restante do país disposta a ouvir candidatos esquerdistas. Talvez seja necessário mudar a conversa.
As
derrotas do PT e a passagem dos meteoros vermelhos indicam que o eleitorado
desse campo do território político procura alternativas ou pode prestar atenção
nelas. As lideranças nacionais da esquerda, ao menos em poder de voto, estão
agora divididas em vários partidos, das velhas às novas, de Ciro a Boulos. O PT
aparece no retrato, mas num canto.
Das
legendas contadas como “esquerda” na geografia do Congresso, apenas o PDT de
Ciro Gomes teve resultados razoáveis, em termos de números. Quase manteve o
número de prefeituras conquistadas pelo país na eleição passada. Ganhou em duas
capitais, Aracaju e Fortaleza.
O
PT levou apenas 4 das suas 15 disputas de segundo turno, em redutos
tradicionais em Minas Gerais, com duas prefeitas eleitas (Contagem e Juiz de
Fora), e na região metropolitana de São Paulo (Mauá e Diadema).
Foi
o partido com mais candidatos na disputa final deste domingo (em 2016, disputou
apenas 7 rodadas finais). Mas esse desempenho não apaga nem traços do desastre
na cidade de São Paulo e da derrota da renovação que seria Marília
Arraes, novidade sabotada pelo PT local até quase as vésperas da
campanha eleitoral.
Um
problema do partido, notável neste século, pode explicar parte de suas
dificuldades: o centralismo, o culto da personalidade do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o escanteamento das novas lideranças, o abafamento de
quem ponha a cabeça para a fora, a desconexão crescente com os novos movimentos
sociais. Tudo isso dificulta a renovação de quadros e ideias do PT.
Em parte, o PSOL, em especial o paulista, cresceu neste vácuo, mostrando caras novas e levando coletivos e movimentos sociais novos da periferia para o Legislativo.
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