Se
tiver impeachment ainda vai demorar
Uma
notícia boa para o presidente Jair Bolsonaro: a Câmara dos Deputados não
deveria abrir um processo de impeachment contra ele. É o que pensam 53% das
2.030 pessoas em todo o Brasil entrevistadas por telefone pelo Datafolha nos
últimos dias 20 e 21. O percentual era de 50% no início de dezembro. Os que
defendiam o impeachment caíram de 46% para 42%. Parabéns, presidente!
Quanto
ao mais descoberto pelo Datafolha, só tem notícia ruim – com efeito, em linha
com pesquisas divulgadas nesta semana pelos institutos Paraná, Ipespe e IDEIA.
Subiu de 32% para 40% os que avaliam o desempenho de Bolsonaro como ruim ou péssimo.
Os que avaliam como ótimo e bom diminuíram de 37% para 31%. É a maior queda
desde o começo do seu governo há dois anos.
Metade
dos brasileiros considera que ele não tem capacidade para governar e não merece
confiança. Nunca confiam em sua palavra 41% (eram 37% em dezembro) dos
entrevistados, enquanto 38% o fazem às vezes (eram 39%) e 19%, sempre (eram
21%). Também pudera. Bolsonaro, hoje, diz uma coisa e amanhã o seu oposto. Fala
mal das vacinas, depois as compra e fala mal outra vez.
As pessoas que têm medo de pegar o novo coronavírus estão entre as que mais rejeitam o presidente. A rejeição a ele entre os que têm muito medo de ser infectados pelo vírus saltou de 41% em dezembro para 51%. A aprovação caiu de 27% para 20%. Entre quem tem um pouco de medo de infectar-se, a rejeição subiu de 30% para 37%. A parceria com o vírus fez mal a ele.
O
presidente é mais rejeitado entre os que ganham mais de 10 salários mínimos
(52%), com curso superior (50%), mulheres e jovens de 16 a 24 anos (46%). Os
mais ricos e instruídos são os que menos confiam nele, bem como os jovens. Os
empresários – sabe como é… – seguem sendo o grupo profissional mais fiel a
Bolsonaro. 58% acreditam na sua capacidade de governar.
O
que explica a quantidade de más notícias para o presidente? O recrudescimento
da pandemia com o aumento de casos e de mortes em todo o país, a crise da falta
de oxigênio em Manaus, a performance desastrosa do governo neste início da
vacinação em massa e o fim do pagamento do auxílio de emergência em 31 de
dezembro aos brasileiros mais pobres.
No
Nordeste, por exemplo, a rejeição a Bolsonaro passou de 34% para 43%, e tende a
aumentar. Em junho do ano passado foi de 52%. O maior tombo ocorreu no Norte,
onde fica Manaus, e no Centro-Oeste, região que sempre foi um reduto dos
bolsonaristas. Bolsonaro amarga 44% de rejeição no Sudeste, a região mais
populosa do Brasil, 10 pontos percentuais a mais do que no Sul.
Sempre
poderia ser pior, e é nisso que se agarram os ministros de Bolsonaro e os
políticos do Centrão gulosos por mais cargos no governo. Quanto mais crescerem
as dificuldades para o presidente renovar seu mandato, mais o Centrão se
oferecerá para ajudá-lo. Caso se convença mais adiante que Bolsonaro será
derrotado, o Centrão negociará com quem possa se eleger.
Quem
dispensa máscara e se aglomera é burro
Desabafo
de prefeitos aflitos
Nas
últimas 48 horas, dois prefeitos de grandes cidades perderam a paciência e
chamaram de burros os que dispensam o uso de máscara, engrossam aglomerações e
não querem se vacinar..
Um
foi Alexandre Kalil (PSD), prefeito reeleito de Belo Horizonte no primeiro turno
com a maior votação do país – 63,36% dos votos válidos. Foi curto e grosso, bem
ao seu estilo:
“Eu confio 200% na vacina, eu confio na
ciência. Nós temos uma tradição de vacinas no Brasil. Todo mundo tem de se
vacinar, quem não quer é negacionista, idiota e burro.”
O
outro, Eduardo Paes (DEM), prefeito do Rio, eleito no segundo turno com 64,7%
dos votos válidos, quase o dobro de Marcelo Crivella (Republicanos), seu
adversário. Disse Paes:
“Para
vocês que sabem que não vão pisar nas baladas, nas festas, deixem de ser
burros. Vocês estão matando as pessoas”.
No Rio, todas as 33 Regiões Administrativas da cidade têm, agora, risco alto de contágio. Eram 25 na semana passada. Em São Paulo, só os serviços essenciais poderão abrir nos fins de semana.
Enquanto isso… No dia em que o governo federal celebrou a chegada de 2 milhões de doses de vacinas da Índia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar mal das vacinas. Faz sentido?
Antes,
Bolsonaro falava mal apenas da Coronavac, a vacina chinesa bancada pelo
governador João Doria (PSDB), de São Paulo, e produzida pelo Instituto
Butantan. Agora, não faz distinção.
Esta
semana, à falta do que fazer ou de querer fazer alguma coisa, Bolsonaro passou
um largo pedaço de tarde assistindo ao treino do Flamengo que enfrentaria o
Palmeiras em Brasília. Foi vaiado.
Se
a Índia não se dispuser a vender mais vacinas da Astra/Zêneca, as que chegaram
ontem aqui darão para imunizar apenas 1 milhão de pessoas. São duas doses por
pessoa.
A
China prometeu doar 1.700 cilindros de oxigênio para que Manaus volte a respirar
relativamente em paz. Sobre a remessa de insumos para a fabricação da Coronavc,
nada por ora.
Nesse ritmo, o Brasil entrará em 2022 vacinando e com mais mortos e doentes. Culpa do governo federal – e também dos milhões de burros que pastam por aí.
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