Os
candidatos governistas Arthur Lira, deputado do PP, e Rodrigo Pacheco, senador
do DEM, certamente assumiram compromissos para receber o apoio do presidente
Jair Bolsonaro e da máquina federal. E presumo que um deles seja não colocar em
votação os muitos pedidos de impeachment.
Ainda que o senador Rodrigo Pacheco possa não endossar as tentativas de golpe aberto ou de minar por dentro as instituições democráticas, sua vitória fortalecerá o bolsonarismo e o seu projeto autoritário e retrógrado, cujas consequências dramáticas estamos vivendo com o negacionismo na pandemia do coronavírus, a interrupção do auxílio emergencial e a inação para estimular a economia.
A
ação do governo em favor de grileiros, madeireiros e garimpeiros atenta contra
o meio-ambiente e populações vulneráveis, como grupos indígenas. No governo de
Bolsonaro, a diplomacia capitaneada pela extrema direita tem jogado o Brasil no
isolamento internacional e enfraquecido os interesses nacionais.
A
vitória dos nomes da Frente Ampla, Baleia Rossi e Simone Tebet, não significa
necessariamente desengavetar automaticamente o impeachment. Mas, sobre a
pressão crescente da sociedade, os emedebistas estarão mais livres de maiores
compromissos e assim poderão colocar os pedidos em votação.
A
Câmara dos Deputados, sob a presidência de Rodrigo Maia, do DEM, tem sido uma
importante fortaleza contra as investidas golpistas de Jair Bolsonaro e sua
pauta mais reacionária.
Sob
David Alcolumbre, também do DEM, o Senado igualmente agiu na defesa da
autonomia do Legislativo. Porém, é preciso avançar e dar um passo adiante. O
parlamento brasileiro deve sair da posição reativa e reforçar sua capacidade de
iniciativa. Uma das iniciativas necessárias e urgentes é a criação de CPIs para
apurar os possíveis crimes de responsabilidade do atual presidente da República
na crise da covid-19, suas ações para impedir investigações da rachadinha, bem
como sua participação na disseminação de fake news contra o STF e o Congresso e
nos atos por intervenção militar.
A
Câmara e o Senado foram palcos de momentos altos da resistência democrática ao
regime ditatorial de 1964, conduzidos por líderes da grande política, como o
deputado Ulysses Guimarães. Esta tradição deve ser mantida com a vitória dos
candidatos da Frente Ampla.
Este
bloco pela independência do Legislativo deve ser reforçado por todos os
partidos democráticos e progressistas, elevando seu patamar de atuação na nova
conjuntura que se inicia neste 2021.
* Cláudio de Oliveira, jornalista e cartunista e autor dos livros Era uma vez em Praga – Um brasileiro na Revolução de Veludo e Lênin, Martov, a Revolução Russa e o Brasil, entre outros
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