Depois
de muito trabalho, Jair Bolsonaro está perto de concluir a maior obra de seu
governo: a blindagem do filho Zero Um. Ontem o Superior Tribunal de Justiça
anulou as quebras de sigilo bancário e fiscal do herdeiro. Com a decisão, o
escândalo da rachadinha fica a um passo de ser sepultado.
O
capitão pode ser acusado de tudo, menos de ser um pai ausente. Para proteger
Flávio, ele interferiu na Polícia Federal, aparelhou a Abin, enquadrou a
Receita e tentou extinguir o Coaf. Os outros Poderes também fizeram sua parte.
O Legislativo paralisou o Conselho de Ética do Senado, e o Judiciário
distribuiu liminares salvadoras.
No
Supremo, os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux travaram a investigação por cinco
meses. Gilmar Mendes, sempre ele, livrou o faz-tudo Fabrício Queiroz da cadeia.
No STJ, não houve concorrência. O ministro João Otávio de Noronha, que
Bolsonaro já descreveu como um “amor à primeira vista”, assumiu o papel de
escudeiro do Zero Um.
Há
sete meses, o doutor ofereceu o primeiro habeas corpus a Queiroz. Estendeu a
gentileza à mulher do ex-PM, que estava foragida. Ontem ele foi o primeiro a
anular as quebras de sigilo. Ao votar, acusou o Coaf de promover “indevida
intromissão na intimidade e privacidade” do primeiro-filho.
Para
Noronha, o órgão que fiscaliza movimentações atípicas foi indiscreto ao relatar
as movimentações atípicas de Flávio. Graças ao Coaf, soube-se que a conta do
senador era abastecida com envelopes recheados de dinheiro vivo. As quebras de
sigilo revelaram que Queiroz pagava até a escola das netas do presidente.
Ao
invalidar as provas contra o Zero Um, o STJ mutilou a denúncia que o acusa de
desviar R$ 6 milhões dos cofres da Alerj. Agora a grande obra de Bolsonaro está
quase completa. Falta arrumar um jeito de sumir com aqueles R$ 89 mil que
Queiroz depositou na conta da primeira-dama.
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O
líder do capitão na Câmara, Ricardo Barros, resolveu sair em defesa do
nepotismo no setor público. “Só porque a pessoa é parente é pior que outra?”,
questionou ao “Estadão”. Definitivamente, este é um governo que defende a
família.
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