Vice-presidente
disse que o eventual “fracasso” do governo Bolsonaro não vai afetar a imagem
das Forças Armadas
Por
Carolina Freitas / Valor Econômico
SÃO PAULO - O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou ontem que decisões do Judiciário vêm interferindo nos outros Poderes e que isso precisa mudar. Para Mourão, o Brasil passa por um “momento de adaptação” em que os representantes dos Três Poderes precisam “entender que cada um tem as suas responsabilidades”.
“Pouco
a pouco vamos conseguir superar a imagem de que o país está sendo governado
pelo Judiciário. Não é verdade. Ele tem tomado algumas decisões que interferem
[em outros Poderes], mas são apenas algumas, não a totalidade delas”, afirmou
Mourão, ao responder perguntas na abertura do Fórum da Liberdade, evento
on-line baseado em Porto Alegre.
“Precisamos ter uma concertação melhor, de modo que o Poder Judiciário compreenda o tamanho da sua cadeira, os seus limites, de modo que não interfira de forma tão contundente em decisões que seriam próprias de outros Poderes, notadamente o Legislativo”, disse o vice-presidente.
Segundo
Mourão, a interferência por parte do Judiciário acontece porque correntes
minoritárias do Congresso, quando não conseguem fazer valer sua opinião,
recorrem à Justiça. “Terminam por atrair o Judiciário para o jogo político.” O
vice-presidente citou ainda que episódios de corrupção no passado atingiram a
credibilidade do Executivo e do Legislativo.
A
questão foi colocada a Mourão pela presidente da entidade promotora do Fórum, o
Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Júlia Tavares. Ela citou uma frase do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de que o
Judiciário é um “Poder técnico”, e disse na sequência: “Não vemos que isso tem
se mostrado verdade, mas sim que temos três Poderes políticos.”
Barroso
tem sido alvo de xingamentos do presidente Jair Bolsonaro desde a semana
passada, quando o ministro decidiu em liminar autorizar a abertura de uma CPI
da Pandemia no Congresso. O tema será discutido pelo Plenário do STF nesta
semana. Bolsonaro reclama que a CPI irá para atingi-lo pessoalmente. A pandemia
matou 355 mil pessoas desde março de 2020 no Brasil e segue fora de controle,
com apenas 4% da população imunizada com as duas doses da vacina.
Mourão
foi questionado também sobre os impactos de um “eventual fracasso” do governo
Jair Bolsonaro na imagem das Forças Armadas. “É óbvio que nosso presidente, por
ter sua origem no meio militar, buscou alguns dos seus principais auxiliares
nesse meio. Cada um entende perfeitamente a separação que há”, disse.
“As Forças Armadas permanecem na sua missão constitucional e, consequentemente, eu julgo que um eventual fracasso do nosso governo não vá respingar em cima das Forças”, opinou. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.”
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