Que
vantagem Maria levou? Nenhuma!
Deu-se com prova de esperteza e de jogo de cintura do presidente Jair Bolsonaro seu telefonema recente para o governador Renan Calheiros Filho (MDB), de Alagoas. Por meio dele, Bolsonaro tentava apaziguar suas relações com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que será o relator da CPI da Covid-19.
Renan,
pai, e Bolsonaro jamais foram próximos à época em que se cruzaram como
deputados na Câmara. Houve uma chance de os dois se entenderem quando Bolsonaro
se elegeu presidente, e Renan disputou a reeleição para presidente do Senado.
Mas aí, Bolsonaro ajudou Davi Alcolumbre (DEM-AP) a derrotar Renan.
Depois de ouvir de Renan, o governador, que o pai não guardava mágoas dele e que se comportaria com equilíbrio como relator da CPI, que fez Bolsonaro? Autorizou a deputada Carla Zambelli (PL-SP), uma bolsonarista de quatro costados, a acionar a justiça para que impedisse Renan de ser o relator.
Um juiz federal de Brasília decidiu que Renan não poderá ocupar a função. Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, respondeu que a decisão não tem cabimento e que por isso será simplesmente ignorada. A instalação da CPI se dará, hoje, em sessão marcada para às 10h. E Renan será ungido relator.
Que
vantagem Maria leva? O que Bolsonaro imaginou ganhar com uma manobra destinada
ao fracasso? O despacho do juiz parece uma peneira cheia de rombos. Ele afirma,
por exemplo, que Renan não poderá ser votado para relator. Não haverá votação.
O presidente da CPI indica o relator de comum acordo.
Bolsonaro
conseguiu uma coisa que parecia impossível: tornar Renan um político menos
controverso do que sempre foi.
Pazuello,
um general ruim de serviço até quando mente
Caiu
a máscara
Neste
governo, só o presidente Jair Bolsonaro deve sentir-se livre para mentir mesmo
quando tudo o que diga possa soar como inverossímil do começo ao fim. Não é o
cargo que lhe confere tal direito, mas o número de vezes que desrespeitou a
verdade. Seus devotos e adversários se acostumaram e não ligam. Os mais
tolerantes entre eles até acham graça.
O
general Eduardo Pazuello, especialista em logística militar de fama duvidosa e
desastrado ministro da Saúde, não aprendeu a lição e deu-se mal. Foi flagrado
passeando sem máscara em um shopping de Manaus. Indagado por uma fotógrafa por
que não usava máscara, retrucou: “Onde vende a peça?” Em seguida, foi socorrido
por uma mulher que lhe deu uma de presente.
A
foto viralizou nas redes sociais e um dia e meio depois ele decidiu se explicar
ao invés de manter o silêncio porque o estrago estava feito. E o que disse por
meio de sua assessoria? Que entrou no shopping justamente para comprar uma
máscara, o que fez depois de caminhar apenas cinco metros. Falta credibilidade
a Pazuello para mentir, o que deixa Bolsonaro muito assustado.
Afinal,
o que o general poderá dizer quando for convocado para depor diante dos 11
senadores que formam a CPI da Covid-19? Haverá treinamento suficiente para
tornar convincentes as respostas que dê sobre as mais delicadas questões que
desafiarão sua argúcia? Não poderá ignorar as perguntas por mais capciosas que
sejam, nem pedir para respondê-las depois por escrito.
Nos anais do Congresso não há registro sobre depoimentos de generais da ativa prestados em comissões parlamentares de inquérito. Pazuello será o primeiro. Terá essa elevada honra!
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