Esclarecer
as conexões entre Adriano da Nóbrega e Bolsonaro é prioridade
O
repórter Sérgio Ramalho, do site The
Intercept, teve acesso a um relatório do Ministério Público do Rio de
Janeiro com o resumo dos grampos telefônicos
de comparsas de Adriano
da Nóbrega. Como se sabe, Adriano era o chefe da milícia Escritório do
Crime e foi morto em uma operação policial, na Bahia, que mais parece queima de
arquivo. As conversas indicam conexões muito mais profundas entre o ex-policial
militar e Bolsonaro do que se sabia até então.
Após a morte de Adriano, seus cúmplices teriam procurado um homem, mencionado nos grampos como o "cara da casa de vidro". Fontes do MP-RJ ouvidas pelo site dizem tratar-se de Bolsonaro, e a "casa de vidro" seria uma referência à fachada envidraçada do Palácio da Alvorada. O homem também aparece no relatório como "Jair" e "HNI (PRESIDENTE)". HNI é a sigla para Homem Não Identificado.
As
conversas começaram na data da morte de Adriano e foram interrompidas dias
depois, quando surgiram as supostas menções a Bolsonaro. O Ministério Público
estadual não tem poder para investigar o presidente, e um caso como esse teria
que ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República.
Adriano
da Nóbrega seria peça chave para o esclarecimento de crimes que, de alguma
forma, embaralham no mesmo enredo a milícia que chefiava, alguns de seus
parentes, o amigo de longa data Fabrício Queiroz e o clã presidencial. Todos
juntos e misturados no esquema das rachadinhas.
Esclarecer essas conexões deveria ser prioridade absoluta de investigadores, imprensa, autoridades e instituições no Brasil. Porém, as investigações que envolvem o sobrenome Bolsonaro parecem contaminadas pela lentidão e por generosa condescendência em instâncias do aparelho estatal. Não por acaso, Bolsonaro sente-se à vontade para debochar dos 400 mil mortos pela pandemia usando a expressão "CPF cancelado", a gíria miliciana para pessoas assassinadas.
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